Integrante do grupo técnico de Direitos Humanos na equipe de transição de Luiz Inácio Lula da Silva, a deputada federal gaúcha Maria do Rosário (PT) diz que o próximo governo terá como foco o crescimento econômico com inclusão social, e que isto já é uma política de direitos humanos.
— O mais importante da apresentação do presidente Lula é que o centro do projeto é a qualidade de vida das pessoas — destacou em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (11).
Maria do Rosário foi questionada sobre a intenção de Lula de deixar investimentos sociais, como o Bolsa Família, fora do teto de gastos, o que gerou reação negativa no mercado. Ela opinou que o cumprimento da regra que limita o crescimento das despesas públicas, sem levar em conta as necessidades das pessoas, constituiria uma violação aos direitos humanos:
— Talvez, inclusive, a principal política de direitos humanos que o país precise seja colocar todo mundo sob o guarda-chuva da proteção, do cuidado, não só do Estado, mas da economia, do mercado. Porque há uma grande parcela da sociedade brasileira que o mercado não enxerga. E se o teto de gastos serve só ao mercado e ele não enxerga as pessoas, essas pessoas ficarão excluídas e as violações, portanto, aos direitos também acontecem ali.
— Os direitos humanos são políticos, sociais, civis, de participação e reconhecimento, mas são econômicos também — acrescentou.
A deputada federal, que foi ministra dos Direitos Humanos durante o governo Dilma Rousseff, disse que o governo terá responsabilidade fiscal, mas trabalhará pela qualidade de vidas das pessoas.
— Quero tranquilizar as pessoas que estão nos ouvindo, dizendo que o cuidado com a dimensão fiscal sempre foi uma marca muito clara do presidente Lula, mas um cuidado integrado às pessoas. Não vai ser dimensão fiscal sim, ser humano não. Gente a gente não contabiliza. Isso é política de direitos humanos.