Ao falar, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (10), sobre a participação na equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador do RS, Germano Rigotto, fez questão de destacar que este papel tem "nada a ver, neste momento, com participar do governo".
O político gaúcho afirmou que foi "convocado" a participar, como representante da área de Indústria, Comércio e Serviços, pela experiência que tem e pela atuação, principalmente, na defesa de uma reforma tributária.
— Alguns dizem "tu não devia te envolver no governo". Eu não posso deixar de aproveitar uma oportunidade que eu tenho de dar uma contribuição para que o governo vá na direção correta. E isto significa o governo tomar para si a decisão de priorizar esta reforma (tributária). E se não fizer no início do governo, não faz depois — afirmou Rigotto.
O emedebista defende que o governo utilize PECs que já estão no Congresso para acelerar a tramitação da reforma e que preveja, na proposta, a compensação aos Estados por perdas no ICMS, impostas por medidas tomadas para conter a inflação durante a gestão de Bolsonaro, como a redução das alíquotas sobre combustíveis e energia elétrica.
— Eu acredito que esta questão do ICMS teria que ter entrado dentro da reforma tributária, priorizando a reforma estrutural, e não com uma decisão separada da reforma tributária que cria este problema que vai ter que ser resolvido agora — comentou.
Rigotto explicou por que, na opinião dele, embora esteja em pauta há muitos anos, a reforma tributária ainda não foi efetivada:
— A reforma tributária não é unanimidade. Ela parece que é unanimidade, mas tem muita gente que ganha com esse sistema tributário. Tem a sonegação, a informalidade, tem a elisão fiscal, a busca do Judiciário para não pagar tributo em cima de uma vírgula mal colocada numa legislação absurdamente complexa... então tem gente que não quer a reforma tributária porque ganha muito com esse sistema tributário absurdo que nós temos — disse, acrescentando que a revisão precisar ser pauta prioritária do Executivo para que avance, o que não aconteceu em gestões anteriores.
Cargos no governo
Uma liderança no MDB também nacionalmente, tendo participado da campanha de Simone Tebet à Presidência, o ex-governador do RS disse que a sigla ainda vai definir posição em relação ao governo federal a partir da posse, mas opinou que seria um erro se a sigla condicionasse o apoio a concessão de cargos.
— Eu acho que o partido tem que ajudar nas propostas boas do governo, mas nunca condicionando isso em troca de cargos, de espaços no governo, como fez muitas vezes. Eu acho que vai ser um erro absurdo se o partido começar a dizer: "Olha, nós apoiamos, mas nós queremos tal cargo ou espaço no governo". Isso eu não aceito e vou trabalhar contra — avaliou.
Ouça a entrevista completa: