O Exército divulgou nota oficial no começo da noite da quinta-feira (7) na qual informa que "tomou conhecimento do conteúdo do documento Adversial Threat Report, da empresa Meta, por meio de publicações na imprensa" — que publicava conteúdos falsos sobre desmatamento na Amazônia. O texto diz que o "Exército Brasileiro não fomenta a desinformação por meio das mídias sociais".
O Exército afirmou que possui contas oficiais nessas mídias e "obedece as políticas de uso das empresas responsáveis por essas plataformas". Informou ainda que entrou em contato com a empresa Meta (Facebook) "para viabilizar, dentro dos parâmetros legais vigentes, acesso aos dados que fundamentaram o relatório, no que diz respeito à suposta participação de militares nas atividades descritas".
"Finalmente, cabe ressaltar que a instituição requer de seus profissionais o cumprimento de deveres militares, tais como o culto à verdade, a probidade e a honestidade", completa a nota.
Pela manhã, generais consultados pelo Estadão já haviam afastado o envolvimento institucional do Exército no caso. No fim da tarde, o comando informava que, identificados, os responsáveis devem ser punidos de forma rigorosa. Sabe-se que os suspeitos teriam cursado a Academia das Agulhas Negras entre 2012 e 2014. Em 2019, o Exército publicou norma disciplinando o uso de redes sociais. No caso em questão, os perfis derrubados do Facebook eram mantidos com identidades falsas.
Para o antropólogo Piero Leirner, professor da Universidade Federal de São Carlos e autor do livro O Brasil no Espectro de uma Guerra Híbrida, as contas derrubadas pelo Facebook têm indícios de terem sido usadas por quem conhece princípios de operações de guerra psicológica.
— Há uma característica de um movimento de pinça, primeiro buscando agir como grupo simpático a um movimento social e depois como defensor do governo.
Leirner diz que a fase inicial das contas — a dos perfis Orgulho Sem Terra e Resistência Jovem, entre abril de 2020 e junho de 2020 — coincide com as primeiras manifestações contra Jair Bolsonaro, em razão de sua atuação na pandemia de covid-19. Já a segunda fase, simpática ao governo, foi próxima da Operação Verde Brasil 2, em que o Exército combateu o desmatamento da Amazônia.