O senador Renan Calheiros (MDB-AL) falou nesta terça-feira (5) sobre os próximos passos da CPI da Covid, que entra na reta final dos trabalhos nesta semana, com os últimos depoimentos. O parlamentar confirmou que o nome do presidente Jair Bolsonaro estará na lista dos indiciados pela comissão.
— Nós não vamos falar grosso na investigação e miar no relatório. Ele com certeza será (indiciado), pelo o que praticou — disse o senador, que é responsável pela elaboração do relatório final.
Uma das possibilidades é de que Bolsonaro seja indiciado por prevaricação, que é um crime contra a administração pública. O relatório da CPI deve apontar que o presidente da República sabia de supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin, em negociação entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos, e não tomou as devidas providências.
O relatório final deverá ter mais de 30 nomes e será encaminhado às autoridades responsáveis, como a Procuradoria-Geral da República, Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministérios Públicos estaduais. Esses serão os órgãos responsáveis por abrir ou não as investigações contra as pessoas listadas pela CPI.
A previsão de Renan é de que o relatório fique pronto no dia 15 de outubro. No dia 19, às 9h, os integrantes da CPI farão uma cerimônia de encerramento e, em seguida, ocorrerá a leitura do documento. A votação está marcada para o dia 20.
O senador também afirmou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, não será novamente convocado pela CPI para prestar depoimento, mas disse que irá encaminhar questionamentos à pasta para acrescentar no relatório — um deles é sobre como o governo federal está se articulando para uma possível campanha de vacinação contra a covid-19 em 2022.
Últimos depoimentos
Nesta terça, a CPI da Covid ouve um dos sócios da VTCLog, Raimundo Nonato Brasil. A empresa presta serviços de logística ao Ministério da Saúde desde 2018.
Os parlamentares investigam se houve irregularidades nos contratos entre a empresa e o governo, como na distribuição de vacinas contra a covid. O senadores também querem saber se há alguma ligação entre a VTCLog e o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, suspeito de oferecer propina para a compra de imunizantes.
— Já descobrimos muita coisa com relação à VTCLog. A retirada no caixa de dinheiro oriundo de contratos em saques grandes feitos de uma maneira nunca vista. Já descobrimos o restante desse dinheiro, para onde iria. O TCU já suspendeu o aditivo. Nós precisamos apenas amarrar a ponta sabendo para quem esse dinheiro foi — afirmou Renan.
Na quarta-feira (6), o depoente será o diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Roberto Rebello, para explicar quais foram as ações tomadas pela agência reguladora no caso da operadora Prevent Senior, também revelado pela CPI, e que apontou irregularidades no tratamento de pacientes com coronavírus. Já na quinta (7), deve ser ouvido um médico e uma das supostas vítimas da operadora.