O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), falou ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, sobre a reta final dos trabalhos da comissão. Segundo ele, o colegiado "não vai dar em pizza", e o relatório final não será arquivado.
— Engavetado eu tenho certeza que não será. Porque ninguém engaveta 600 mil vidas como nós perdemos no Brasil até o momento — disse nesta segunda-feira (4).
Na semana passada, o parlamentar marcou a votação do relatório final para o próximo dia 20. O parecer do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), deve enquadrar o presidente Jair Bolsonaro e integrantes do governo por atos e omissões na pandemia do coronavírus.
Na entrevista, Aziz classificou como "estarrecedora" a forma como o governo federal conduziu o combate à doença no Brasil. Citando como exemplos o apoio ao tratamento precoce contra a covid-19 e a demora na aquisição de vacinas, afirmou:
— O governo brasileiro prevaricou E não foi uma pessoa, foram várias.
Caso Prevent Senior
Aziz comentou ainda o caso da Prevent Senior, operadora de saúde acusada de orientar profissionais a recomendar medicamentos sem comprovação científica no tratamento da covid, realizar experimentos em pacientes sem autorização das famílias, alterar prontuários, entre outras denúncias. Segundo o senador, o que ocorreu na operadora não foi um "fato isolado".
— Em várias unidades básicas de saúde foi propagado isso pelo governo — disse, citando o aplicativo TrateCov, que recomendava o chamado "tratamento precoce" contra o coronavírus.
Negociação por vacinas
A CPI também abordou a compra de vacinas pelo governo. No início dos trabalhos, a comissão revelou, por exemplo, que a Pfizer enviou e-mails ao Ministério da Saúde oferecendo contratos pelo imunizante mais de uma vez sem obter resposta. O episódio, segundo o senador, foi o que mais gerou uma revolta pessoal.
Além deste caso, a CPI investigou também suspeitas de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. O contrato acabou sendo suspenso pelo governo.
— O Brasil foi o único país que usou intermediário para negociar vacina — disse o senador.
O presidente da comissão revelou também estar preocupado com o futuro da pandemia no país, principalmente com relação à aplicação da terceira dose dos imunizantes. Segundo ele, o "governo tem que se mexer", e o planejamento do Ministério da Saúde para 2022 também será abordado no relatório final.
— A CPI fez avançar a vacinação. Fez as pessoas descobrirem que o tratamento precoce pode matar. Descobriu e mostrou que imunização de rebanho é crime contra a humanidade — disse Aziz, prometendo que as futuras ações do governo seguirão sendo monitoradas.
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