A possibilidade de o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, retornar pela terceira vez à CPI da Covid ganha cada vez mais força no Senado. A tendência é de que ele seja a última pessoa a falar na comissão, que deve ser concluída até o dia 4 de novembro.
A ideia é que o ministro dê explicações sobre as mudanças na orientação sobre vacinação de adolescentes sem comorbidades e explique qual é o planejamento do governo federal para uma possível campanha de imunização em 2022.
— Eu, se fosse ele, estaria mais interessado em vir à CPI do que nós. Porque é a chance de ele não ser indiciado. E, para ele não ser indiciado, eu pediria duas condições: vacinação de crianças e adolescentes, e que nos apresentassem a programação de vacinação para o ano que vem e da terceira dose. Se ele não responder a essas perguntas satisfatoriamente, será indiciado — afirmou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), na manhã desta terça-feira (28).
Um novo depoimento de Queiroga também é defendido pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).
— Tão logo ele possa ser ouvido, é importante que a CPI o ouça, em função do que o ministro fez nos últimos dias. É inacreditável a maneira como ele está apegado ao cargo. E, com isso, adere às teses malucas do presidente da República — disse.
Queiroga segue em Nova York, nos Estados Unidos, após ter sido diagnosticado com covid-19 durante a viagem presidencial à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Ele deve retornar ao Brasil até o fim desta semana.
Próximos depoimentos
Nesta terça, a CPI ouve a advogada Bruna Morato. Ela representa um grupo de médicos que trabalharam na Prevent Senior e elaboraram um dossiê, entregue à comissão, com diversas denúncias sobre o tratamento da empresa a pacientes com coronavírus, inclusive com alteração de prontuários. A operadora é acusada ainda de orientar profissionais a recomendar medicamentos sem comprovação científica no tratamento da doença, como a hidroxicloroquina.
Já na quarta (29), será a vez de Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, comparecer à CPI da Covid. Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o empresário está na mira dos senadores pela suspeita de disseminação de notícias falsas durante a pandemia. Hang divulgou um vídeo, na segunda-feira, utilizando algema em um dos braços e ironizando uma possível prisão durante depoimento no Senado.
O vice-presidente da CPI afirmou que a comissão está se preparando para "possíveis armadilhas" durante a oitiva do empresário.
— Ele virá aqui sobre os rigores de um inquérito, como depoente. E ele será tratado assim, com respeito, como outros depoentes foram, mas a CPI não tolerará desacato, não tolerará que, na condição de testemunha, se falte com a verdade — afirmou Randolfe.