Após os atos a favor do governo de Jair Bolsonaro, em que o presidente fez ameaças diretas ao Congresso e ao Judiciário, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu cancelar todas as reuniões do plenário e de comissões marcadas para esta semana.
O comunicado da decisão foi enviado aos parlamentares por mensagem na noite passada e confirmada pela assessoria da Presidência do Senado. A decisão foi interpretada na Casa, conforme apurou a reportagem, como o primeiro reflexo da radicalização de Bolsonaro. A avaliação de Pacheco, segundo interlocutores do presidente do Senado, foi de que não há clima para votações e nem garantia de segurança a senadores e servidores.
Mesmo após os atos de terça-feira (7), ainda havia muitos apoiadores do presidente acampados na Esplanada dos Ministérios até a noite. O setor de inteligência do Senado também foi informado de riscos de invasão a prédios de poderes.
Pacheco, a exemplo do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), foi "convocado" por vários representantes de associações e políticos a reagir à altura ao discurso de Bolsonaro, que, entre outros pontos, desafiou o Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que não cumprirá decisões do ministro Alexandre de Moraes.
Os membros da Suprema Corte se reuniram na noite de terça e informaram que o presidente do STF, Luiz Fux, demonstrará o posicionamento do grupo nesta quarta-feira.
Apesar da suspensão dos trabalhos, uma agenda foi mantida no Senado: a Comissão Temporária da Covid-19 ouvirá o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, nesta quarta. A decisão de manter a sessão foi tratada pelo presidente da comissão, senador Confúcio Moura (MDB-RO), juntamente Pacheco e com o líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). Na pauta, estarão a vacinação contra o coronavírus e as medidas de combate à pandemia.