O empresário bolsonarista Luciano Hang, que presta depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quarta-feira (29), já sabia pelo menos desde 11 de abril que no atestado de óbito de sua mãe não constava morte por covid-19.
Em mensagem divulgada pelo site G1, a assessora de imprensa Liliani Bento responde ao questionamento da GloboNews sobre o motivo da ausência da doença na declaração de óbito: "A causa do óbito foram complicações de suas múltiplas comorbidades e uma infecção bacteriana. Quando ela faleceu, já havia sido curada da covid".
A revelação contraria a afirmação feita por Hang nesta quarta de que soube através da comissão que a operadora de saúde Prevent Senior havia omitido o fato da certidão.
Regina Hang morreu em 4 de fevereiro, aos 82 anos, após complicações relacionadas ao coronavírus. Luciano Hang disse aos senadores que a Prevent Senior forneceu um segundo documento, que mencionava a doença.
— Fiquei sabendo através da CPI que tanto o atestado de óbito quanto o prontuário da minha mãe foi pego. E que lá no atestado de óbito não constava covid. Eu sou leigo, não sei o que tem que botar no atestado de óbito — declarou.
O empresário afirmou ainda ter sido informado pela operadora de saúde sobre um erro do médico plantonista.
— Segundo eles, quem preencheu o atestado de óbito foi o plantonista. No dia seguinte, a comissão de controle de infecção hospitalar viu o erro do plantonista — continuou.
O Ministério da Saúde lançou, em maio de 2020, uma cartilha com orientações sobre a codificação das causas de morte no contexto da covid-19. A pasta cita especificamente casos clínicos de pacientes que foram admitidos no hospital com coronavírus e, posteriormente, tiveram complicações. A orientação é para que as complicações sejam anotadas antes do diagnóstico de covid-19 e que sejam consideradas condições que ocorreram "devido ou como consequência" da doença.
O empresário também afirmou que sua mãe foi medicada com remédios que compõem o kit covid, comprovadamente ineficaz. Além disso, autorizou que os médicos da Prevent Senior adotassem terapias ineficazes no tratamento, como a ozonioterapia.
— Coloquei nas mãos dos médicos. Autorizei a Prevent a fazer tudo que estivesse disponível para salvar minha mãe. Autonomia médica dá liberdade para que o médico prescreva — afirmou.