Ao ser questionado sobre um vídeo em que aparece usando algemas e citando a sua convocação para estar na CPI da Covid, o empresário Luciano Hang alegou que não quis ofender à comissão e que a postagem possui um tom humorístico. O empresário presta depoimento aos senadores nesta quarta-feira (29).
— Temos que ter senso de humor — respondeu Hang ao relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
A fala do empresário foi repreendida pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), que citou as mortes provocadas pela pandemia da covid-19 no Brasil e pediu respeito à dor das pessoas.
— Essa sua resposta é muita esfarrapada. Estamos tratando de 600 mil vidas. E o senhor vai fazer uma brincadeira dessa? — disse Aziz, citando que seu irmão morreu pela doença e a mãe de Hang, Regina, também é uma das vítimas do coronavírus.
O nome de Regina Hang foi citado no caso Prevent Senior, também apurado pela CPI da Covid. A operadora de saúde teria ocultado a causa da morte por covid-19 no atestado de óbito.
Sobre tratamentos com remédios sem eficácia comprovada, Hang respondeu que a CPI não possui nenhuma prova, apenas narrativas sobre o fato.
Hang disse que sua mãe foi diagnosticada com covid-19 no dia 28 de dezembro e começou a se tratar com remédios sem eficácia comprovada para a doença em casa, como cloroquina, azitromicina e ivermectina.
Em um vídeo, divulgado nas redes sociais após a morte de Regina, Hang questiona se o desfecho não teria sido outro se sua mãe tivesse recebido o que chamou de “tratamento preventivo” — as imagens foram exibidas na CPI a pedido do relator.
Hang afirmou que há diferença entre "tratamento preventivo", quando a pessoa usa medicação sem estar contaminada pelo coronavírus, e "tratamento precoce", quando é dada medicação específica logo após constatada a contaminação — esses medicamentos não têm eficácia comprovada contra covid-19.
— É autonomia do médico, é liberdade. Cada um dá o que quer — disse Hang.
Hang disse que ficou sabendo pela CPI que covid-19 não constava no atestado de óbito da mãe dele. Disse que procurou a Prevent Senior após receber a informação e que a operadora de saúde forneceu um segundo documento, que mostra que Regina entrou no hospital da Prevent Senior com covid-19 e, após o óbito, o registro também está com a indicação da doença.
O empresário também disse que a operadora informou que houve um erro do médico plantonista que atendeu à mãe de Hang e que a comissão de infecção hospitalar viu o erro.
— Não vejo o interesse do hospital de mentir sobre a morte de minha mãe. Qual era o motivo, se eu já havia dito publicamente que era estava internada e estava com covid?