Às vésperas das manifestações convocadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e apoiadores para o feriado de Sete de Setembro, entidades gaúchas publicaram notas oficiais sobre o assunto. Em comum, elas têm o tom de preocupação com a desarmonia entre os poderes da República e a ausência de críticas diretas ao presidente ou ao Poder Executivo. Nas notas em que há críticas pontuais, ela é endereçada aos demais poderes: Legislativo e Judiciário.
Até o fechamento desta reportagem, Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) e Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) eram algumas das entidades que haviam se manifestado.
Três das entidades manifestaram apoio direto aos atos previstos para esta terça-feira ou ao direito de realizá-los.
A Federasul não endereça críticas aos poderes em particular. A nota da entidade “ao mesmo tempo que celebra o Dia da Independência do Brasil, manifesta preocupação com a tensão entre os Poderes da República”. O texto diz que “o Brasil não deve e não pode mergulhar em mais uma crise política interna, que além da ir na contramão do bem-estar da sociedade, prejudica o ambiente de negócios.” Ao final da nota, a Federasul declara que “apoia toda manifestação cívica, ordeira e pacífica que seja realizada nesse dia 07 de setembro, como representação de nosso patriotismo e da valorização de nossa nação.”
A Fiergs, em nota intitulada “Salve o Dia da Pátria” assinada pelo presidente Gilberto Porcello Petry, diz que “reitera o seu posicionamento em defesa da liberdade de manifestação, ordeira e pacífica, da sociedade gaúcha e brasileira nos momentos importantes da Nação, como este que estamos vivendo”. O texto cita que “nenhum Poder pode exorbitar desses limites (constitucionais) para se colocar acima dos demais”. Por fim, faz críticas ao radicalismo e pede paz: “Sem união, não há paz. Sem paz, não há desenvolvimento.”
A Farsul, em carta aberta à sociedade assinada pelo presidente Gedeão Silveira Pereira, “manifesta seu apoio ao movimento cívico, pacífico, ordeiro e democrático de 7 de setembro” e faz críticas diretas ao Supremo Tribunal Federal e ao Senado. Diz a carta: “manifestamos nosso repúdio ao viés político adotado pela mais alta corte do Poder Judiciário, assim como a omissão de posição do Senado Federal diante de seu papel institucional, atitudes que nos levam a significativo grau de desarmonia entre os Poderes da União.”
Já a CIC Caxias, por meio de um “manifesto pela governabilidade e em defesa dos princípios constitucionais” assinado pelos presidentes Ivanir Gasparin, David Randon e Emir José Alves da Silva, não cita apoio direto às manifestações do feriado. Em diferentes tópicos, a CIC Caxias aconselha “deputados e senadores” a deixarem em segundo plano “questões partidárias e ideológicas para priorizar os interesses coletivos, aprovando reformas”. Sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal, a entidade diz que eles devem “abster-se de invasões nas competências dos demais poderes e, acima de tudo, de atos ou intenções contrários ao livre exercício da liberdade do cidadão”. Já sobre o presidente da República, a CIC Caxias cita que ele “exerce mandato legítimo”, “cuja liturgia do cargo lhe atribui responsabilidades, garantidas pelos demais Poderes, pelo bem-estar de toda a Nação brasileira”.