A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid retirou da pauta a convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto. A decisão foi tomada após senadores discordarem da tentativa de chamar o chefe da pasta na comissão e tumultuar a relação entre os Poderes. Braga Netto entrou em conflito com a cúpula da CPI ao assinar uma nota em conjunto com os comandantes das Forças Armadas criticando o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).
No âmbito da CPI, senadores querem coletar informações do período em que Braga Netto chefiou a Casa Civil, entre fevereiro do ano passado e abril deste ano, e sobre a atuação do ministro na pandemia. Ele chefiou o comitê interministerial de combate à crise do novo coronavírus. A convocação dividiu os senadores e será reapresentada para votação em outro momento.
— No momento de maior dificuldade da pandemia, quem estava coordenando era o ministro da Casa Civil, Braga Netto, e não o general. Se eu tiver que votar, meu voto é favorável à convocação do general Braga Netto — disse o presidente da CPI.
O relator da comissão, Renan Calheiros, classificou a convocação do ministro como um "dever funcional".
— Nós não queremos trazer apenas porque ele está tentando desestabilizar os Poderes, emporcalhar a democracia, promover retrocessos institucionais. Não é por isso. Nós precisamos trazer porque ele foi o coordenador do comitê de crise de enfrentamento à pandemia de covid-19 e certamente tem responsabilidade grande sobre mortes que poderiam ter sido evitáveis — disse Renan.
Autor do requerimento de convocação, Alessandro Vieira argumentou que Braga Netto precisa ser chamado para explicar sua atuação no governo envolvendo a pandemia
— Esta é a figura que tem que explicar porque ele, como coordenador, foi incapaz de evitar esse desastre — disse.
Outros senadores, porém, foram contra em função do risco político. Para Eduardo Braga (MDB-AM), a CPI precisaria ter acesso a uma série de informações antes de convocar o ministro da Defesa.
— Criar um factoide político e não termos questionamentos, esta conclusão da CPI, me parece a construção inoportuna diante de um cenário político nacional — disse o emedebista. Otto Alencar (PSD-BA) disse que a melhor decisão seria adiar a convocação.