- Após o recesso, a CPI da Covid retoma os trabalhos nesta terça-feira (3) com o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula
- O reverendo é apontado por representantes da Davati Medical Supply como suposto intermediador entre o governo federal e empresas que ofertavam vacinas
- Presidente de uma ONG, a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), ele recebeu em fevereiro autorização do Ministério da Saúde para negociar 400 milhões de doses de vacinas contra a covid-19
- A sessão foi encerrada às 18h45min
O que o reverendo falou até o momento
- Amilton negou que estivesse negociando imunizantes e afirmou que estava "apresentando informações" ao Ministério da Saúde
- Disse que acreditou nas informações dos representantes da empresa Davati de que existiam doses de vacinas para "pronta-entrega"
- O reverendo afirmou que não conhece ninguém no governo federal. A fala foi tratada com descrédito por alguns integrantes da CPI
- Disse também desconhecer a denúncia do pedido de propina de US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca, como afirmou à CPI o policial Dominguetti Pereira, representante da Davati
- Afirmou que foi usado e enganado na negociação de vacinas contra a covid-19: "Entendemos que fomos usados de forma odiosa para fins espúrios e que desconhecemos"
- Relatou que a oferta de vacinas chegou à Senah por meio de Dominguetti
- Disse que se tratou de "bravata" o áudio em que afirma estar em contato "com quem manda" para tratar da venda da vacina ao governo brasileiro — essa mensagem foi enviada em 16 de março. Ele não indicou quem seria essa pessoa
- Sobre áudios de Dominguetti, nos quais o policial sugere que o reverendo teve contato com outras autoridades, como a primeira-dama, Amilton disse que a responsabilidade sobre a informação caberia a Dominguetti
- Amilton disse que foi atendido prontamente no Ministério da Saúde, conseguindo marcar reuniões com agilidade, devido ao interesse de todos pela imunização
- Sobre o interesse da Senah na negociação das vacinas, disse que a entidade receberia uma doação da Davati pela ajuda, que seria um "interesse humanitário"
- Amilton disse que se arrepende de ter participado da "operação das vacinas". Em seguida, chorou. "Eu creio que o maior erro que fiz foi abrir as portas da minha casa aqui em Brasília. Sou de Brasília. Eu abri a porta da minha casa num momento que eu estava enfrentando a perda de um ente querido da minha família. E eu queria vacina para o Brasil". Na sequência, pediu desculpas "ao Brasil"
KELLY MATOS
colunista