Após o presidente Jair Bolsonaro voltar a atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, utilizando um episódio ocorrido há cerca de cinco anos, em 2016, quando o ministro concedeu perdão a José Dirceu (PT) no caso do mensalão, o ministro do TSE foi às redes esclarecer que o indulto concedido ao petista é de responsabilidade do presidente da República, à época, Dilma Rousseff.
"O Judiciário apenas aplica o decreto presidencial. [...] Nas execuções penais do mensalão, deferi o benefício a todos que se adequaram aos requisitos", argumentou Barroso pelo Twitter.
A briga de Barroso com Bolsonaro tem crescido ao longo das últimas semanas, desde que o chefe do Executivo começou a colocar em xeque a segurança das urnas eletrônicas. Insatisfeito com o posicionamento do presidente do TSE, que defende com ênfase o sistema, o presidente Jair Bolsonaro voltou a usar suas redes para atacar o ministro.
Na manhã desta quinta-feira (5), como uma mensagem de "bom dia", Bolsonaro compartilhou uma notícia de 2016 sobre o perdão de pena concedido por Barroso a Dirceu no caso do mensalão. Na publicação nas redes, o presidente citou um versículo da Bíblia que diz: "Conhecereis a verdade, e a verdade os libertará".
A apoiadores, Bolsonaro tem alegado que Barroso estaria trabalhando junto com o PT para colocar seu adversário político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de volta no comando do Planalto através de fraude. Desde então, Bolsonaro tem defendido o voto impresso e uma contagem pública dos votos.
A insistência de Bolsonaro no tema tem causado diversos atritos entre os Poderes, com lideranças de várias esferas mandando recados ao Executivo contra seus ataques à democracia. Na segunda-feira (2), sem citar Bolsonaro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, afirmou que a Corte está atenta aos "ataques de inverdades" e que harmonia e independência entre os Poderes não significa "impunidade de atos que exorbitem o necessário respeito às instituições".
Barroso também reagiu, mas foi mais direto, afirmando que quem repete uma mentira muitas vezes será "perenemente prisioneiro do mal". O ministro disse que a obsessão do chefe do Executivo por ele "não faz nenhum sentido e sobretudo não é correspondida". Barroso então apresentou ao ministro Alexandre de Moraes — que conduz o inquérito das Fake News no Supremo — uma notícia-crime em que pede a apuração sobre "possível conduta criminosa" de Jair Bolsonaro.