A CPI da Covid alterou a agenda prevista para esta quinta-feira (1º). Será ouvido o representante da Davati Medical Supply Luiz Paulo Dominguetti Pereira. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele afirmou ao jornal que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose, em troca de assinar contrato de venda de vacinas AstraZeneca com o Ministério da Saúde.
Anteriormente, estava previsto o depoimento do empresário Francisco Maximiano, sócio da empresa Precisa Medicamentos, que intermediou o contrato de compra da vacina indiana Covaxin. Ele obteve autorização da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), para ficar em silêncio em sua oitiva. Não foi marcado nova data para esse depoimento.
A propina teria sido pedida pelo ex-diretor de Logística do ministério Roberto Ferreira Dias, exonerado nesta quarta. A compra de 400 milhões de doses da AstraZeneca pelo ministério geraria um montante ilícito de R$ 2 bilhões.
A audiência para ouvir Dominguetti havia sido marcada inicialmente para sexta-feira (2). Porém, na noite da quarta-feira (30), o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou pelas redes sociais que o depoimento havia sido antecipado.
Também foram aprovados nesta quarta-feira requerimentos de informações ao Ministério da Saúde ligadas à empresa Davati Medical Supply, assim como da própria empresa.
— O depoimento de Luiz Paulo Dominguetti Pereira a esta CPI é imperioso e imprescindível para o desenrolar da fase instrutória e, obviamente, para o futuro deslinde das investigações — justifica o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL).
Líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) afirmou que a AstraZeneca desmentiu ter intermediários no Brasil:
— O governo não coaduna com qualquer tipo de irregularidade e exonerou Roberto Dias para facilitar as apurações. Não queremos a politização dessa apuração.