A CPI da Covid deve convocar para depor Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply no Brasil, que afirmou ao jornal Folha de S.Paulo ter recebido do diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, um pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina contra a covid em troca da assinatura de um contrato para venda dos imunizantes. Segundo o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), o depoimento de Dominguetti será marcado para esta sexta-feira (2).
Segundo a reportagem, a exigência de propina teria ocorrido durante um jantar em um restaurante de um shopping de Brasília, no dia 25 de fevereiro — mesmo dia em que foi assinado o contrato do governo federal com a Precisa Medicamentos para a compra de vacinas indianas Covaxin.
Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). O deputado está envolvido nas suspeitas que cercam a negociação da Covaxin, após ter o nome citado pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), em depoimento à CPI da Covid. Segundo Dominguetti, o propina implicaria em um aumento de US$ 1 no valor cobrado por dose.
A empresa Davati buscava negociar 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca por US$ 3,50 cada. O imunizante da AstraZeneca é aplicado no Brasil a partir de um contrato com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
No jantar, diz Dominguetti, o diretor do ministério estava acompanhado por duas pessoas, um militar do Exército e um empresário de Brasília. O representante da empresa diz que recusou o pedido de propina, que consistiria em um adicional de US$ 1 a cada dose comercializada.
A Folha diz que tentou entrar em contato com Dias ao longo do dia e não houve retorno. Em publicação no Twitter, Ricardo Barros negou que tenha indicado Roberto Ferreira Dias ao cargo que ocupa no Ministério da Saúde. "Desconheço totalmente a denúncia da Davati", afirmou.