O senador Ciro Nogueira (PP-PI) informou, nesta terça-feira (27), que aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir a chefia da Casa Civil. O anúncio foi feito após reunião entre os dois, no Palácio do Planalto, no começo da manhã.
"Acabo de aceitar o honroso convite para assumir a chefia da Casa Civil, feito pelo presidente @jairbolsonaro. Peço a proteção de Deus para cumprir esse desafio da melhor forma que eu puder, com empenho e dedicação em busca do equilíbrio e dos avanços de que nosso país necessita", escreveu o parlamentar em uma rede social.
Na Casa Civil, Nogueira terá a missão de melhorar a relação com o Congresso. A indicação provocou um redesenho da Esplanada, alijando dos cargos dois dos mais fieis e antigos aliados do presidente.
Ao ceder o posto a Nogueira, Bolsonaro vai transferir o general Luiz Eduardo Ramos da Casa Civil para a Secretaria-Geral da Presidência. Já o atual titular da Secretaria, Onyx Lorenzoni, será deslocado para o Ministério do Emprego e Previdência — nova designação da pasta do Trabalho.
Quem é o novo ministro
Aos 52 anos, casado e pai de dois filhos, Nogueira é um parlamentar discreto e especialista nas articulações de bastidores. Despachando no quarto andar do Palácio do Planalto, irá ocupar o único gabinete com acesso direto à sala do presidente, um pavimento abaixo.
Além da interlocução privilegiada com Bolsonaro, Nogueira irá comandar a articulação política tendo assento na junta orçamentária e a caneta que torna oficial todos os atos do governo, sobretudo as nomeações.
Com 26 anos de Congresso, Nogueira está no sexto mandato seguido — quatro de deputado federal e dois de senador. De fiel escudeiro do então deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciou em 2005 após ser flagrado extorquindo o dono de um restaurante da Câmara, logo passou a ser chamado de "rei do baixo clero", graças a desenvoltura com que intermediava os interesses da maioria parlamentar de baixa expressão.
Sempre foi governista, mas se ajusta à temperatura política da ocasião. Foi assim que tomou café da manhã com Dilma Rousseff no dia da votação do impeachment e horas depois apoiou sua derrubada no plenário do Senado.
Nogueira pediu votos para o PT nas eleições presidenciais de 2018 e chegou a chamar Bolsonaro de fascista na pré-campanha, mas se aproximou do governo tão logo o centrão começou a galgar espaços na Esplanada. No Senado, é titular da CPI da Covid, mas não faz defesa enfática do Planalto tampouco tem presença assídua nas sessões, deixando-se representar na maior parte do tempo pelo suplente Luis Carlos Heinze (PP-RS).
Alvo de três inquéritos do Supremo Tribunal Federal e de outras cinco ações na justiça federal, Nogueira chega à Casa Civil com o status de conciliador e o desafio de conduzir a política do governo sem maiores sobressaltos até o final do mandato de Bolsonaro, em 2022.
Presidente do PP há oito anos, ele ainda ambiciona filiar o chefe do Executivo para a disputa à reeleição pelo antigo partido, hoje o maior do centrão.