Em entrevista coletiva concedida na manhã desta quinta-feira (24), o governador Eduardo Leite destacou resultados de estudo concluído pelo Comitê de Dados do Gabinete de Crise mostrando a situação do Rio Grande do Sul frente à de outros Estados em relação à taxa de mortalidade e ao excesso de óbitos no cenário da pandemia.
Apesar da trágica marca de mais de 30 mil mortes decorrentes da covid-19, o Rio Grande do Sul aparece, no ranking nacional, com a terceira menor taxa de excesso de óbitos ao se considerar o que era esperado em uma situação de normalidade. Entretanto, em levantamentos anteriores, de setembro de 2020 e janeiro de 2021, o Estado aparecia como aquele que apresentou a menor elevação nas mortes provocadas por todo tipo de causa desde a chegada do coronavírus ao Brasil.
Os conceitos de taxa de mortalidade e excesso de óbitos se referem, como explicou Leite, resumidamente, à expectativa de mortes por ano, considerando-se o perfil da população de cada unidade da federação, e à quantidade a mais de mortes registradas. Analisaram-se as mortes que excederam o que era aguardado em um cenário sem a crise sanitária provocada pelo coronavírus.
O período compreendido pela avaliação é 15 de março de 2020 a 15 de maio de 2021. A compilação conta com dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e segue metodologia utilizada pela Vital Strategies, organização de saúde pública internacional que auxilia governos pelo mundo.
Alguns Estados parecem ter mortalidade menor por covid-19, pontuou Leite, mas amargam excesso de óbitos muito maior, o que pode significar subnotificação. O Maranhão apresenta 122 mortes por covid-19 por 100 mil habitantes, e o Rio Grande do Sul, 264.
— Mas isso não significa que estão morrendo mais por covid aqui. Significa que se estão lançando mais no sistema as mortes por covid no Rio Grande do Sul. Depende do lançamento dessas mortes no sistema — frisou o governador.
Leite voltou ao exemplo do Maranhão para destacar o melhor desempenho gaúcho: o Rio Grande do Sul exibe a terceira menor taxa de excesso de óbitos em relação ao que era esperado. Aqui, o número de óbitos foi 28% maior do que se esperaria em condições normais (para todo o período da pandemia). O Maranhão registrou 48,7% acima da expectativa.
— Isso sugere que há subnotificação. Não estou dizendo que é alguma coisa para mascarar a realidade. Simplesmente, os óbitos não foram lançados corretamente como (causados pela) covid-19 — explicou Leite.
Aspectos específicos dos habitantes do Estado foram destacados, como grande parcela de idosos e, por consequência, presença de comorbidades (doenças crônicas como diabetes e hipertensão).
— Temos mais pessoas que estariam mais vulneráveis diante da pandemia. Então, era esperado que morressem mais pessoas. Não é isso o que a gente vê — salientou Leite, repetindo a informação sobre a terceira menor taxa de excesso de óbitos no Rio Grande do Sul entre todos os Estados.
Ao fazer um recorte da Região Sul, Leite destacou que o Rio Grande do Sul teve, em 2020, 9,6% de excesso de óbitos, enquanto Santa Catarina e Paraná empataram em 16%. No Brasil como um todo, o índice foi de 25%.
—O Rio Grande do Sul, considerando-se todo o período da pandemia, mantém a menor taxa entre os Estados do Sul —ressaltou.