- O servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda e o irmão dele, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), prestam depoimento à CPI da Covid nesta sexta
- Os dois falarão sobre possíveis irregularidades na compra da vacina Covaxin
- O servidor relatou ter recebido pressões para acelerar o processo de compra do imunizante da indiana Bharat Biotech
- A negociação está sob suspeita em razão do valor unitário das vacinas, considerado elevado, e da participação de uma empresa intermediária, a Precisa Medicamentos
- O governo nega qualquer irregularidade
- A sessão foi aberta e o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), informou que o servidor do ministério estava chegando do aeroporto e, portanto, atrasado. Além disso, o deputado pediu para conversar com Aziz antes do início do depoimento, que convidou um representante da bancada do governo para participar. A sessão foi suspensa por 15 minutos, às 14h35min. Por volta das 15h20min, o servidor chegou ao Senad
- Por volta das 15h30min, a sessão foi retomada e o depoimento dos irmãos foi iniciado
- Logo no início do depoimento, o deputado Miranda alegou, em março, que precisava falar de forma urgente com o presidente Bolsonaro. Disse que relatou ao presidente as pressões sofridas pelo irmão no Ministério da Saúde, para que fosse feita a compra da vacina Covaxin. "Presidente entendeu a graidade. Ele afirmou que era grave, olhando nos meus olhos", disse o parlamentar
- Servidor apresenta documentos que constariam as faturas da negociação. De acordo com Miranda foram três invoice (recibos). O primeiro, de 18 de março, teria sido alvo de questionamentos pelo servidor, como solicitação de pagamento antecipado, quantidade menor de doses da vacina e empresa endereçada. Os dados teriam sido arrumados no terceiro invoice, em 23 de maio, e no dia seguinte foi aberta a licença de importação
- Luis Ricardo Miranda afirma que recebeu mensagens e ligação com questionamentos sobre o status do contrato.
- O deputado mostra áudios que teria trocado com o irmão. Neles, o servidor menciona "detalhes" sobre as negociações envolvendo a Covaxin, como o fato de uma terceira empresa ter aparecido no invoice. "Outro detalhe é que falam em pagamento 100% antecipado. (....) E no contrato fala em quatro milhões de doses na primeira entrega, só que no invoice é um quantitativo bem menor", afirma o servidor.
- Ao ser questionado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre as pressões, o servidor apresentou mensagens recebidas em março pelo coronel Marcelo Bento Pires, então coordenador de Logística do Ministério, cargo subordinado à Secretaria Executiva, na época chefiada por Elcio Franco. O coronel cobrava o andamento da negociação.
- "Toda a equipe do setor não se sentiu confortável com essa pressão, falta de documento, e como os meus dois superiores estavam pressionando eu conversei com meu irmão, que passou ao presidente", disse o servidor do Ministério da Saúde.
- O deputado Luis Miranda conta que, em conversa com Jair Bolsonaro, mencionou as suspeitas trazidas pelo irmão. O presidente teria afirmado que iria acionar a Polícia Federal para que investigasse o caso.
- Os irmãos apresentam aos senadores relatos de declarações sobre suposta cobrança de propina para que o Ministério da Saúde fechasse o contrato. O servidor da pasta relatou ter ouvido falar sobre propina envolvendo a pressão. Em mensagem enviada ao deputado, Luis Ricardo escreveu: "aquele rapaz que me procurou dizendo que tem vacinas disse que não assinaram porque os caras cobraram dele propina para assinar o contrato".
- O deputado afirma que, durante uma viagem, falou sobre as suspeitas ao general Eduardo Pazuello — que ainda ocupava o cargo de ministro da Saúde. O então titular da pasta teria dito que em breve deixaria o cargo.
- Luis Miranda apresentou aos senadores áudios nos quais relata estranhar "cobranças" que seu irmão, servidor da Saúde, estaria recebendo nas negociações. Os áudios teriam sido enviados a Diniz Coelho, auxiliar do presidente Jair Bolsonaro.
- Senadores governistas questionam documentos apresentados pelo servidor, perguntando se houve resistência por parte da empresa em fazer correções. Novo bate-boca se inicia.
- Senador governista Marcos Rogério diz saber "qual a motivação" do deputado Luis Miranda para as denúncias. Omari Aziz, então, diz que se o parlamentar continuar "não se comportando adequadamente", será convidado a se retirar. "Vossa Excelência também sabe (a motivação), também estava na sala lá atrás", responde Marcos Rogério.
- Sessão é suspensa por 10 minutos.
- Sessão é retomada.
- Marcos Rogério questiona o servidor: "Você informou ao seu irmão que depois da primeira invoice as demais foram corrigidas?". Luis Ricardo afirma que acredita que seu irmão apresentou à imprensa "o que foi levado ao presidente."
- Servidor Luis Ricardo fala sobre pressão que recebeu para liberar importação de vacinas: "Foi algo atípico e excessivo".
- Deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirma que é da base do governo federal o parlamentar que teria sido citado pelo presidente Jair Bolsonaro como alguém possivelmente envolvido no esquema suspeito da compra da Covaxin.
- Durante o intervalo da sessão, o senador Marcos do Val e o deputado Luis Miranda discutiram. Do Val chegou a empurrar o depoente. A dupla foi separada pelo senador Humberto Costa.
- Deputado diz à CPI que Bolsonaro citou envolvimento de Ricardo Barros ao ouvir denúncia.
- Omar Aziz diz que se "algo ocorrer" aos irmãos, diretor-geral da Polícia Federal será o responsável.
- Ricardo Barros disse, em publicação nas redes sociais, que não participou de negociações sobre a compra da Covaxin e que não tem relação com "esses fatos". "Não participei de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin. 'Não sou esse parlamentar citado', A investigação provará isso. Também não é verdade que eu tenha indicado a servidora Regina Célia como informou o senador Randolfe. Não tenho relação com esse fatos", postou Barros.
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