Em depoimento à CPI da Covid, o ex-chanceler Ernesto Araújo disse que tinha conhecimento da carta enviada ao governo brasileiro em setembro do ano passado pela Pfizer, na qual o CEO da empresa, Albert Bourla, alertava que havia uma proposta de venda de vacinas ao Ministério da Saúde, sem resposta por parte do Brasil.
Araújo relatou que "talvez" no dia 14 de setembro, dois dias após o envio da correspondência, tenha sido informado sobre o documento pelo embaixador do Brasil para os Estados Unidos, Nestor Foster, um dos destinatários da carta.
— Embaixador fez telegrama informando sobre esse documento — disse.
Segundo Araújo, o telegrama mencionava que a carta já era de conhecimento direto do Ministério da Saúde, a quem caberia a "centralização da estratégia de vacinação", afirmou o então chanceler, acrescentando que ninguém do governo o procurou para tratar da carta.
O ex-ministro foi questionado sobre o fato de a carta da Pfizer ter ficado dois meses sem resposta do governo brasileiro, e respondeu não saber o que pode ter motivado esse atraso.
A carta foi levada à CPI pelo ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten, que revelou o fato de a correspondência ter ficado sem resposta até sua iniciativa de contatar a Pfizer. O episódio foi confirmado à CPI pelo gerente-geral da farmacêutica na América Latina, Carlos Murillo.