Mais de um ano após o início da pandemia de covid-19, o presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira (24) a criação de um comitê para coordenar ações contra a doença no Brasil.
A formação do grupo foi definida em reunião do chefe do Executivo com os presidentes do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do procurador-geral da República, Augusto Aras, além de governadores e ministros.
Após o encontro, Bolsonaro afirmou que uma coordenação e um comitê de acompanhamento do combate à crise sanitária serão criados e envolverão os líderes dos Estados. O presidente disse também que o enfrentamento à pandemia sem conflito e sem politização é o caminho para sair da crise.
— Mais do que harmonia, imperou a solidariedade e a intenção de minimizarmos os efeitos da pandemia. A vida em primeiro lugar — disse em pronunciamento à imprensa no Palácio da Alvorada, após o encontro.
— Resolvemos, entre outras coisas, que será criado uma coordenação junto aos governadores e com o senhor presidente do Senado Federal. Da nossa parte, (será) um comitê que se reunirá toda a semana com autoridades, para decidirmos ou redirecionarmos o rumo do combate ao coronavírus — afirmou.
Ao longo da pandemia, Bolsonaro protagonizou embates com governadores, em especial, por divergir de medidas de fechamento de setores econômicos e de distanciamento social. Na reunião desta quarta, apenas governadores aliados ao governo federal compareceram.
O presidente reforçou que o governo está focado na vacinação em massa da população, mas manteve o discurso pelo tratamento precoce da covid-19. Segundo Bolsonaro, o novo ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, analisará alternativas quanto ao possível tratamento precoce da doença — que é defendido pelo presidente, mas que não tem comprovação científica de eficácia.
— Tratamos também da possibilidade de tratamento precoce. Isso fica a cargo do ministro da Saúde, que respeita o direito e o dever do médico off label tratar os infectados. É uma doença como todos sabem, ainda desconhecida (...) Uma nova cepa, ou um novo vírus, apareceu e nós, obviamente, cada vez mais, nos preocupamos em dar o atendimento adequado a essas pessoas — disse Bolsonaro.
— Não temos ainda um remédio. Mas, a nossa união, o nosso esforço, entre os três Poderes da República, ao nos direcionarmos para aquilo que realmente interessa - sem que haja qualquer conflito, qualquer politização da solução do problema - creio que essa seja realmente o caminho para o Brasil sair dessa situação bastante complicada que se encontra — acrescentou.
"Harmonia"
Na fala ao final da reunião, Queiroga destacou que a reunião foi caracterizada pela "harmonia" entre os Poderes e o fortalecimento do sistema de saúde por meio da articulação entre União, Estados e municípios.
— O sistema de saúde do Brasil trará as respostas que a população brasileira quer — disse o ministro. — Sobretudo, depois de uma reunião como essa, onde toda a nação se une através dos chefes dos Poderes para que cumpramos o nosso dever como poder público, e consigamos o apoio e o respeito da sociedade civil — completou.
As autoridades não responderam perguntas. Antes de falarem, o secretário especial de Comunicação, almirante Flávio Rocha, anunciou que por conta do horário não haveria espaço para perguntas e que os questionamentos deveriam ser direcionados a Secretaria Especial de Comunicação Social.