A Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou um boletim nesta terça-feira (23) condenando o uso de remédios que fariam parte do chamado "tratamento precoce" contra a covid-19, mas sem comprovação científica de eficácia contra a doença. O posicionamento é contrário ao anterior, divulgado em julho do ano passado, quando a entidade defendeu a "autonomia do médico" ao receitar os medicamentos.
"Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida", diz o novo texto da AMB.
Em julho de 2020, a AMB divulgou nota na qual afirmava a inexistência de "estudos seguros, robustos e definitivos sobre a questão". À época, a AMB declarava: "O derby político em torno da hidroxicloroquina deixará um legado sombrio para a medicina brasileira, caso a autonomia do médico seja restringida, como querem os que pregam a proibição da prescrição da hidroxicloroquina".
Ao lado do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a AMB fazia parte das entidades médicas que ainda tinham posicionamentos neutros ou favoráveis ao direito de o médico escolher o tratamento.
No novo documento, que pode ser conferido aqui, a entidade cita 13 pontos para enfrentamento da pandemia. Entre eles, o isolamento social, o uso de máscaras, a aceleração da vacinação e a necessidade de ação das autoridades para solucionar a falta de medicamentos no atendimento de pacientes internados com covid-19, principalmente daqueles necessários para a entubação. A associação destaca que, sem esses medicamentos, "não é possível oferecer atendimento adequado para salvar vidas".