O governador Eduardo Leite defendeu nesta segunda-feira (22), em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, a suspensão do sistema de cogestão no modelo de distanciamento controlado. Segundo ele, é preciso "alinhamento" na aplicação de medidas mais restritivas diante do quadro grave da pandemia no Rio Grande do Sul.
Com a cogestão, as prefeituras de cada região podem chegar a um acordo e adotar protocolos semelhantes aos da classificação imediatamente anterior — os locais com bandeira preta, por exemplo, podem escolher medidas semelhantes às da bandeira vermelha.
— A cogestão é uma boa ferramenta, é positiva, mas quando temos um momento crítico como esse o melhor é alinharmos ações, para que seja uma única comunicação com a população, sem gerar dúvidas — disse.
Na última sexta-feira, o governador anunciou 11 regiões em bandeira preta no modelo de distanciamento controlado e a suspensão de atividades, em todo o Estado, entre 22h e 5h. O quadro no RS, segundo Leite, é "gravíssimo" e "sem precedentes".
— Em julho, tínhamos em média aumento de 64 pacientes por dia em leitos clínicos e de UTI. Na segunda onda, tínhamos em média 67, na mesma base. Agora, temos 170 pacientes sendo internados em média por dia, nos últimos 10 dias. Este é o nível da gravidade que estamos vivenciando.
Leite ainda rebateu as críticas de diferentes prefeitos e setores empresariais às restrições anunciadas pelo Piratini.
— Não se trata de ficar buscando culpados. Ninguém é culpado ou está fazendo nada errado no seu setor. A questão é termos a consciência na sociedade de que as coisas não estão normais. Além de gerar menos circulação, essas suspensões de atividades ajudam a dar a percepção de que estamos em uma situação excepcional — afirmou.
O governador falou também sobre a recente acolhida do RS a pacientes vindos do Norte do país. De acordo com Leite, a medida não tem relação com o atual quadro da pandemia no Estado.
— Negar solidariedade a quem estava em outra região seria de uma desumanidade absurda. Não foi isso que causou ou provocou o que estamos vivendo. Teríamos condenado à morte pessoas por absoluto egoísmo da nossa parte.
Ouça a entrevista completa:
Em Porto Alegre, Melo defende cogestão
Também em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, defendeu a manutenção do modelo de cogestão. Segundo ele, chegou a ser discutida, no início do ano, a adoção de uma bandeira própria para a Capital, mas a cogestão foi "o melhor caminho".
— Eu penso que um prefeito tem que enfrentar temas difíceis e quero ser responsável pelas decisões na minha cidade. Cogestão não significa que eu não possa ter bandeira preta. Não significa que, se eu aceitar a cogestão, eu já coloque a bandeira vermelha. Mas vamos conversar — disse à Rádio Gaúcha.
O prefeito afirmou ainda que "ninguém provou" que a abertura do comércio seja a causa do aumento de casos de covid-19. Melo prometeu ainda fazer "todos os esforços" para aumentar o número de leitos de UTI em Porto Alegre.