
Os eleitores alemães foram às urnas neste domingo (23) para escolher os novos membros do Bundestag, a câmara baixa do Parlamento. São eles que definirão o próximo chanceler do país.
Na pesquisas de boca de urna da ARD, o CDU/CSU, com o líder Friedrich Merz do União Democrata Cristã (CDU), vence com 29% dos votos. Em segundo lugar está o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), liderado por Alice Weidel, com 19,5%. É o melhor resultado para a extrema direita alemã desde a Segunda Guerra Mundial.
O Partido Social-Democrata (SPD), do atual chefe de governo Olaf Scholz, vem em terceiro lugar, com 16%, seguido pelo Partido Verde, com 13,5%. O Partido de Esquerda ficou em quinto lugar, com 8,5%.
FDP e BSW ficaram com níveis inferiores ao mínimo de 5% dos votos necessários para garantir a representação no Bundestag. No entanto, partidos que apresentarem candidatos vencedores em pelo menos três distritos eleitorais têm esse mínimo suspenso.

Ainda é cedo para afirmar os vencedores das eleições alemãs, uma vez que os resultados finais só serão conhecidos após a contagem oficial dos votos, que deve ser concluída durante a noite. A previsão é de que a decisão saia na madrugada desta segunda-feira (24) no Brasil.
Tradicionalmente, o candidato do partido que obtém o maior número de votos se torna o novo chanceler, mas essa definição só ocorrerá após as negociações para a formação de uma coalizão, que devem acontecer nas próximas semanas.
Após os resultados das eleições, os principais partidos tentarão formar uma aliança estável para governar, já que é difícil que um partido consiga 50% dos votos, o que garantiria o controle do Bundestag.

Formação de coalizão
A próxima tarefa para os vencedores da eleição será formar uma coalizão. Se os resultados se mantiverem, os únicos parceiros viáveis para os conservadores da CDU/CSU serão a chamada Grande Coalizão, ou "GroKo", com os social-democratas, ou uma configuração "Black-Green" com os verdes.
Todos os grandes partidos do sistema político da Alemanha se recusaram a trabalhar com a AfD, uma estratégia criada desde o fim da 2ª Guerra para impedir o retorno de extremistas ao poder após a derrota do nazismo.
Merz, vencedor pela boca de urna e que se autodenomina um conservador social e liberal econômico, levou os democratas-cristãos mais para a direita, principalmente em relação à imigração, desde que sucedeu a ex-chanceler Angela Merkel como líder do partido em 2021.
Merkel criticou abertamente Merz no mês passado por ter contado com o apoio da extrema-direita para aprovar uma moção não vinculante sobre migração no parlamento.
A AfD, cujos ramos são classificados pela inteligência interna como extremistas, aproveitou as queixas de uma parcela significativa do eleitorado que está preocupada com a economia, com a imigração e insatisfeita com o establishment político — nas palavras de seus líderes, "partidos de cartel".
Mas tem pouca chance de fazer parte do próximo governo. No país que viu a ascensão de Adolf Hitler e dos nazistas, todos os outros partidos renovaram suas promessas de manter o muro de fogo de longa data contra a extrema direita, descartando a cooperação com a AfD. Ainda assim, provavelmente será o maior partido de oposição no Bundestag.