Sete procuradores que integram a força-tarefa da Lava-Jato em São Paulo assinaram ofício ao procurador-geral da República Augusto Aras solicitando desligamento dos trabalhos na operação até o final deste mês. A lista inclui a coordenadora do grupo, Janice Ascari.
O documento foi enviado à PGR nesta quarta (2). Os procuradores argumentam, "incompatibilidades insolúveis com a atuação da procuradora natural dos feitos da referida força-tarefa", Viviane de Oliveira Martinez. As razões teriam sido expostas à Corregedoria-Geral do Ministério Público Federal no âmbito de uma sindicância interna.
"Porque oportuno, indicam que, em favor de um período de transição, estão à disposição para adotarem providências finais a parte dos casos que vinham sendo conduzidos, e solicitam, para tanto, seja o efeito do desligamento ora solicitado iniciado a partir das datas abaixo discriminadas", apontam os procuradores.
Assinam a manifestação os procuradores:
- Guilherme Rocha Göpfert: deixa a força-tarefa a partir de 08/09/2020
- Thiago Lacerda Nobre: a partir de 08/09/2020
- Paloma Alves Ramos: a partir de 11/09/2020
- Janice Agostinho Barreto Ascari: a partir de 30/09/2020
- Marília Soares Ferreira Iftim: a partir de 30/09/2020
- Paulo Sérgio Ferreira Filho: a partir de 30/09/2020
- Yuri Corrêa da Luz: a partir de 30/09/2020
A debandada da Lava-Jato foi anunciada um dia depois de o coordenador da força-tarefa no Paraná, Deltan Dallagnol, declarar que estava deixando a operação. Segundo o procurador, sua saída é motivada para ter mais tempo com a família, visto que sua filha passará por tratamento médico. No lugar de Deltan assumirá Alessandro José Fernandes de Oliveira, que atualmente faz parte do grupo de trabalho da Lava-Jato da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Caso Serra
A saída dos procuradores também ocorre em meio a reveses dos procuradores nas investigações que miram o senador José Serra (PSDB). Na semana passada, o ministro Gilmar Mendes ampliou liminar concedida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, e suspendeu a ação penal que mira o tucano por suposta lavagem de propinas pagas pela Odebrecht.
A denúncia contra o tucano havia sido aceita em julho pelo Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Criminal de São Paulo, uma hora depois de Toffoli suspender "toda a investigação" contra Serra. Por "cautela", o magistrado decidiu suspender a ação penal até novo entendimento do STF sobre o caso - Gilmar ampliou a medida, aplicando o entendimento que a liminar deve alcançar as investigações em vigor e também a ação penal.