A partir desta quinta-feira (5), vereadores eleitos em 2016 que pretendem concorrer no pleito de outubro podem mudar de sigla sem correr o risco de sofrer punições. Em Porto Alegre, a janela partidária pode viabilizar a candidatura de pelo menos dois parlamentares na briga pela prefeitura.
Por enquanto, os nomes que devem trocar de agremiação para postular vaga no Paço Municipal são os de Nádia Gerhard e de Valter Nagelstein, ambos do MDB. A dupla decidiu deixar o partido – que aposta no deputado estadual Sebastião Melo – em busca de protagonismo. Melo foi vice-prefeito da Capital e, em 2016, disputou o segundo turno com Nelson Marchezan, candidato à reeleição pelo PSDB.
Tenente-coronel da reserva, Nádia ainda não revelou qual será o seu destino e evita falar sobre a possível candidatura. Por afinidade, a escolha recairia sobre a Aliança pelo Brasil, do presidente Jair Bolsonaro, mas a sigla ainda não tem registro oficial. Com isso, o mais provável é que ela se filie ao Democratas (DEM). Procurada por GaúchaZH na quarta-feira (4), Nádia preferiu não adiantar a decisão.
— Como brigadiana, sou muito pé no chão. Só vou me manifestar sobre o assunto quando a janela partidária já estiver aberta. E o primeiro a saber será o MDB, partido pelo qual tenho muito respeito e apreço — disse a vereadora, que foi secretária de Desenvolvimento Social e Esporte no governo Marchezan e adota o nome político de Comandante Nádia pela atuação de quase 30 anos na Brigada Militar.
No caso de Nagelstein, a decisão está tomada: ele passará a integrar as fileiras do PSD e será cabeça de chapa. Nos últimos anos, o ex-presidente da Câmara vinha lutando por mais espaço no MDB, sem sucesso. Em seu terceiro mandato consecutivo como vereador, o advogado diz que encontrou no PSD o suporte que faltava.
— Julgo que chegou a minha vez e acredito muito no nosso projeto. Há espaço para uma terceira via e tenho muito a mostrar como gestor. Agora quero me dedicar à construção de uma aliança sólida e tentar trazer mais vereadores para o PSD — afirma Nagelstein, que foi secretário de Produção, Indústria e Comércio e de Urbanismo nas administrações de José Fogaça e José Fortunati, respectivamente.
O parlamentar não esconde o desejo de ter Nádia como vice. A vereadora não quis comentar a hipótese, mas disse que "tudo ainda está sendo definido" e teceu elogios ao colega de Legislativo.
O prazo para as trocas partidárias termina em 3 de abril, a seis meses da votação. Como Nádia e Nagelstein, outros vereadores se preparam para mudar de sigla, mas com objetivo distinto: tentar novos mandatos na Câmara.
Como está o cenário hoje
A sete meses do pleito, o cenário eleitoral ainda está indefinido em Porto Alegre. Confira as principais articulações em andamento:
- O atual prefeito, Nelson Marchezan, deve concorrer à reeleição pelo PSDB.
- O vice-prefeito, Gustavo Paim (que rompeu relações com Marchezan), quer se lançar candidato pelo PP.
- Desde o início de 2020, a candidatura do deputado estadual e ex-vice-prefeito Sebastão Melo ganhou força no MDB.
- Com a janela para trocas partidárias, Nádia Gerhard deve ser candidata pelo Democratas e Valter Nagelstein, pelo PSD.
- A deputada estadual Any Ortiz foi lançada como pré-candidata do Cidadania.
- Pelo Podemos, o deputado estadual Rodrigo Maroni é o pré-candidato.
- Na esquerda, a intenção de formar uma frente única no primeiro turno não deu certo. Com isso, Manuela D'Ávila será candidata pelo PC do B, com o PT como vice, possivelmente, Miguel Rossetto.
- Pelo PDT, a aposta é na deputada estadual Juliana Brizola.
- No PSOL, a escolhida é a deputada federal Fernanda Melchionna.