Um pouco antes das 8h desta quarta-feira (15), um grupo de estudantes estava na calçada da Avenida João Pessoa, bairro Santana, em Porto Alegre, e no acesso ao Colégio Estadual Inácio Montanha em pleno mês de janeiro. O motivo, além de rever colegas e contar o que fizeram em quase dois meses, era a retomada dos dias letivos perdidos durante a greve dos professores no Estado, que durou 57 e foi encerrada na terça (14).
Conforme a Secretaria Estadual da Educação (Seduc), 37 instituições, das 2,5 mil no RS, ainda não haviam retomado até terça. A pasta divulgou, após o anúncio do fim da mobilização, um calendário em que sugere que a retomada das aulas ocorra desta quarta (15) até o dia 27 de fevereiro, incluindo os sábados. O cronograma da Seduc é uma sugestão, já que cada instituição tem autonomia para definir o próprio calendário.
Depois, pelo cronograma sugerido, são realizadas as férias, durante 30 dias. O calendário letivo de 2020 seria iniciado, assim, em 30 de março. Conforme a Seduc, grande parte das instituições já havia retomado as aulas e deve iniciar o ano letivo na data tradicional, em 19 de fevereiro.
O Cpers-Sindicato afirma que não tem um balanço de quantas escolas ainda estavam em greve nem quantas irão seguir a sugestão da Seduc. Na terça, após o fim da greve, a presidente da entidade, Helenir Schürer, disse que a categoria voltaria às salas de aula nesta quarta para organizar o calendário de recuperação.
Expectativa de alunos na Capital
Os alunos, apesar de tudo, estavam também na expectativa de como seria o calendário para recuperar o período de 57 dias de organizar a própria grade de ensino.
Na porta da escola Inácio Montanha, que fica quase em frente ao Palácio da Polícia, a estudante Lisandra Oliveira Vieira, 17 anos, que cursa o 1º ano do Ensino Médio, foi a indicada a falar com GaúchaZH por ser a estudante mais "descolada".
Após ver o próprio reflexo no vidro da porta do imóvel e arrumar o cabelo, já que seria fotografada, a aluna disse que as aulas deveriam ter recomeçado antes. Ela teme que o conteúdo não seja passado da melhor forma possível em função do pouco tempo. Mesmo assim, disse que não vai ter férias, já que, durante a paralisação, aproveitou para estudar e teve de ficar em casa, no bairro Santa Tereza, zona sul da Capital.
— Minha família não estava de férias e tive de aproveitar o tempo para botar os estudos em dia já prevendo que, no período das férias deles, teria de voltar a estudar após o fim da greve. Mas estou aproveitando agora para rever todos os colegas e professores — diz Lisandra.
Já o estudante Paulo Miranda, 18 anos, que cursa o 3º ano do Ensino Médio e é morador do bairro Partenon, diz que foi prejudicado em função de tentar fazer uma faculdade. Segundo ele, que aproveitou o retorno para vestir a camisa do time do coração, o Grêmio, a meta agora é concluir o estudo e tentar ingressar no curso de administração de alguma universidade.
— Mas no período de greve eu não fiquei parado, fiz cursos e trabalhei, agora vou a fundo nos estudos para encarar um vestibular — explica Miranda.
Miranda foi um dos últimos a ingressar na escola. As portas do Inácio Montanha abriram pouco antes das 8h e os alunos foram reunidos no pátio enquanto os professores estavam em reunião para repassar informações sobre o calendário de recuperação de aulas.