Em assembleia realizada na tarde desta terça-feira (14), os professores estaduais decidiram encerrar a greve da categoria. Por 725 votos a 593, os docentes filiados ao Cpers-Sindicato optaram por voltar às salas de aula após 57 dias.
A assembleia ocorreu no pátio do Colégio Cândido José de Godoi, bairro Navegantes, zona norte de Porto Alegre. Na chegada, os participantes registraram entrada e receberam credencial com o ticket no qual registrariam o voto.
Uma estrutura de metal e lona branca foi montada para abrigar os presentes no pátio da instituição, mas logo se mostrou insuficiente para todos. Aqueles que não conseguiram lugar tiveram de disputar espaço na sombra nas árvores e em abrigos junto ao edifício da escola.
Sob uma temperatura de 33ºC, com sensação térmica que chegou a 37°C, os ânimos esquentaram em diversos momentos, sendo necessária a intervenção da presidente do Cpers-Sindicato, Helenir Schürer. Com pedidos para que opiniões contrárias fossem respeitadas, ela mediou a série de manifestações de representantes do sindicato.
Desde o começou da assembleia ficou clara a polarização entre os que defendiam a manutenção da greve e aqueles que queriam a volta imediata às aulas. Esse último grupo usava expressões como "pausa estratégica" e "ganhar fôlego" para convencer os presentes de que o retorno às atividades não representava capitulação diante do governo do Estado.
Calendário de recuperação
Após discursos de representantes da categoria, 10 urnas foram instaladas para a votação, onde funcionários do Cpers receberam os votos dos professores. Logo após esse processo, que durou cerca de meia-hora, as urnas foram fechadas e levadas a um espaço reservado para a apuração. Junto à contagem, seguranças foram colocados para evitar a aproximação dos demais. Somente quatro fiscais puderam conferir o trabalho, dois a favor e dois contra o fim da greve.
Pouco depois das 17h, a totalização foi concluída, e o resultado anunciado no microfone pela presidente do Cpers.
— Seguiremos mobilizados e rejeitando essa proposta do governador Eduardo Leite. Já a partir de amanhã (quarta-feira, 15) deveremos voltar às salas de aula, iniciando o processo de organização do calendário de recuperação — disse Helenir.
De acordo com a Secretaria Estadual da Educação (Seduc), apenas 37 de 2,5 mil escolas ainda estavam em greve até ontem no Estado. Ainda segundo a secretaria, a partir de agora, cada instituição terá autonomia para organizar a recuperação das aulas perdidas. Entretanto, uma sugestão de calendário foi divulgada pela Seduc: retomada das aulas nesta quarta com final marcado para 27 de fevereiro.