Uma nova tentativa de entendimento entre Estado e professores será realizada nesta quarta-feira (8), às 11h30min. A primeira rodada de negociação do ano, realizada na terça-feira, terminou com o mesmo impasse que se arrasta desde novembro: o pagamento pelos dias parados e o calendário de recuperação das aulas. Enquanto o Piratini quer abonar o corte do ponto somente após o fim do ano letivo de 2019, os professores querem que os valores sejam quitados o quanto antes.
O tema pautou uma série de encontros realizados entre representantes do governo, do Cpers-Sindicato e deputados da base aliada e de oposição. Bombeiros entraram em cena, como o líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes (PP), na tentativa de convencer ambos os lados de que é possível encontrar um ponto de acordo nas negociações.
Uma das alternativas seria o retorno dos docentes ao trabalho, com o pagamento dos valores descontados do contracheque de novembro — já que o de dezembro ainda não começou a ser pago — mesmo antes da recuperação de todos os dias da greve. Em contrapartida, as aulas seriam recuperadas até o meio do mês de fevereiro, com a negociação do período de 30 dias de férias a que os docentes têm direito, evitando grandes atrasos no início do ano letivo de 2020.
A presidente do Cpers-Sindicato, Helenir Schurer, entregou nesta terça ao governo as três reivindicações que levariam ao fim imediato da paralisação. Ela acredita que, se os cortes não forem restituídos, a Justiça irá obrigar o Estado a fazer os pagamentos. Os principais argumentos são de que as aulas terão quer ser recuperadas de qualquer maneira e de que é ilegal efetuar descontos em salários que são pagos parcelados.
— Se for uma questão legal, vamos aguardar em greve até que o TJ (Tribunal de Justiça) faça o julgamento de mérito (de uma liminar que permitiu o corte do ponto). Isso não é interesse nosso, nem do governo. Está nas mãos do governo a decisão de quando acaba a greve — diz.
Além do impasse envolvendo os salários, a recuperação do ano letivo também é motivo de discórdia. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou que o Piratini divulgue um plano para os dias perdidos em até três dias. Esta terça é o segundo dia do prazo.
O secretário estadual da Educação, Faisal Karam, afirma que o governo elaborou um calendário, já encaminhado à Corte.
— A gente tem esse calendário posto para as escolas recuperarem desde o dia 21 de dezembro e a grande maioria delas voltou a recuperar. Se existe um lado, também existe o outro. A nossa prioridade são os alunos.
Nos bastidores, o ambiente é de uma disputa estratégica. O governo teme passar uma imagem de fraqueza a outras categorias, caso aceite todas as condições dos docentes para o fim da greve. Já o Cpers-Sindicato quer demonstrar a seus filiados que obteve avanços na negociação.
De acordo com o último balanço divulgado pela Educação, a paralisação ainda mantém 132 escolas fechadas das quase 2,5 mil instituições estaduais.