Protestos de alunos e professores da rede estadual de ensino contra o pacote de medidas do governador Eduardo Leite bloquearam o acesso a coordenadorias regionais de educação (CRE) em diversas cidades gaúchas nesta sexta-feira (22).
De acordo com o Cpers Sindicato, ao longo do dia houve manifestações em ao menos 16 municípios, onde, segundo a entidade, os serviços foram suspensos. Já a Secretaria da Educação do Estado (Seduc) afirma que o atendimento foi afetado em 11 sedes, sendo que sete estariam fechadas. Há coordenadorias em 30 municípios do Rio Grande do Sul.
Em Porto Alegre, alguns funcionários da CRE foram para casa após a entrada do prédio na Rua André Belo, no bairro Menino Deus, ser bloqueada por uma faixa com os dizeres "Professores na luta, hoje a aula é na rua!".
Pela manhã, o expediente na coordenadoria foi interno. Com microfone, os manifestantes entoavam coros contra o projeto enviado pelo governo de Eduardo Leite à Assembleia Legislativa — que pode mudar a carreira dos professores.
— Eu defendo a educação, da rua eu não saio. A revolta que eu faço é contra o Eduardo (Leite) — gritavam os manifestantes, que logo entoaram outra reivindicação:
— Para barrar a precarização, greve geral é a solução.
Professora em uma escola e vice-diretora em outra instituição de ensino de Porto Alegre, Rejane Gimenez dos Santos segurava um cartaz com a frase “Me chame de IPVA e me defenda com todo aquele entusiasmo. Assinado: Escola pública”.
Os dizeres são referentes ao recuo de Eduardo Leite quanto ao calendário de pagamento do IPVA 2020. O governador havia informado que o imposto deveria ser quitado integralmente, depois voltou atrás e deu a possibilidade de o contribuinte optar por pagar o imposto de forma parcelada.
— Educação é essencial. Se não tiver escola, as crianças vão pra rua. Educação é tudo nesse País — afirmou Rejane.
Em Rio Grande, no sul do Estado, a mobilização iniciou às 6h30min desta sexta e mobilizou grupo de professores, funcionários de escolas e membros de outros sindicatos. Com faixas contra o Leite, eles bloquearam a entrada do prédio da 18ª Coordenadoria Regional de Educação.
A coordenadora da 18ª CRE, Greici Kaus, recebeu uma notificação das mãos dos manifestantes. O documento pede a retiradas dos projetos do governo do Estado. Um ato com a presença de todos os professores que aderiram ao movimento de paralisação está previsto para o fim da manhã desta sexta.
De acordo com a Seduc, os coordenadores estão recebendo as demandas dos docentes e levarão os documentos a Leite.
Às 17h30, seguiam fechadas as coordenadorias em Canoas, Osório e Santana do Livramento.
Coordenadorias em que o serviço foi afetado, de acordo com a Seduc*
- Canoas (coordenadoria fechada)
- Ijuí (coordenadoria fechada)
- Porto Alegre (coordenadoria fechada)
- Rio Grande (coordenadoria fechada)
- Palmeira das Missões (coordenadoria fechada)
- Cruz Alta (coordenadoria fechada)
- Gravataí (serviço parcialmente afetado)
- Santana do Livramento (coordenadoria fechada)
- Livramento (coordenadoria fechada)
- Osório (serviço parcialmente afetado)
- Pelotas (serviço parcialmente afetado)
- Santa Cruz do Sul (serviço parcialmente afetado)
* Segundo o Cpers, Caxias do Sul, Passo Fundo, São Leopoldo, Santa Maria e Carazinho também tiveram os serviços paralisados.