Diante de uma plateia simpática ao pacote que encaminhou à Assembleia Legislativa, o governador Eduardo Leite usou a maior parte de sua palestra na reunião-almoço da Federasul para explicar a lógica das mudanças.
Apesar do clima favorável no interior do Palácio do Comércio, com o anúncio da mudança no regime de substituição tributária, pleiteada pelos empresários, a tensão era perceptível na voz e no semblante do convidado, consequência do ambiente hostil do lado de fora.
Portando cartazes e bandeiras do Cpers, duas dezenas de professores se postaram na entrada principal do prédio, gritando palavras de ordem contra o governo e chamando empresários de sonegadores. Em alusão ao sobrenome do governador, duas caixas de leite foram derramadas na calçada. Para evitar incidentes, a segurança o orientou a entrar por uma porta lateral.
Na entrevista coletiva e, depois, na palestra, Leite sustentou que o plano de carreira atual, de 1974, é o responsável pelo achatamento dos salários dos professores. Como qualquer reajuste incide sobre as gratificações e adicionais de tempo de serviço, o efeito cascata impede, segundo o governador, a correção dos salários.
Leite disse que as mudanças são necessárias para que, quando a situação fiscal permitir, o governo possa reajustar os salários. Insistiu que os professores que ganham menos e, principalmente, os que têm filhos terão aumento real, com o fim do desconto do vale-alimentação e a elevação do valor do abono-família.
Com gráficos que mostram a evolução das despesas, em índices superiores à inflação, Leite foi aplaudido quando disse que a aprovação do pacote é necessária para que em 2021 as alíquotas de ICMS possam voltar ao que eram em 2015.
A presidente da Federasul, Simone Leite, prometeu levar dirigentes de entidades empresariais à Assembleia para pressionarem os deputados a votar a favor das medidas.