A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad discutiram com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na manhã desta segunda-feira (30), a possibilidade de ele sair da prisão. Os dois são advogados de Lula. O pedido para que ele progredisse do regime fechado para o semiaberto foi feito na sexta (27) pelos procuradores da Operação Lava-Jato.
Além de Gleisi e Haddad, participaram da conversa o tesoureiro do PT, Emídio de Souza, que também tem procuração para defender Lula, e os advogados Luiz Eduardo Greenhalgh, Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira.
O PT reagiu com desconfiança ao pedido dos procuradores.
— Por que isso agora? É um pedido sem precedentes na história da Lava-Jato — diz Gleisi.
A suspeita é que os procuradores tentam, com a eventual saída de Lula, esvaziar o julgamento sobre a suspeição de Sergio Moro no Supremo Tribunal Federal (STF), que deve ocorrer até o fim de novembro. O pedido da defesa alega parcialidade do ex-juiz na condução do processo. Se for considerado suspeito, a sentença que proferiu no caso do triplex pode ser anulada e tudo voltaria à estaca zero.
Lula resiste a aceitar condições para deixar a prisão. Ele já disse que se recusa a usar tornozeleira, por meio da qual o condenado é monitorado eletronicamente. Advogados dizem que ele não aceitaria também ficar em prisão domiciliar, opção que a Justiça pode apresentar por não ter estabelecimento prisional para recebê-lo em regime semiaberto.
O ex-presidente está preso desde o dia 7 abril de 2018 em uma cela especial da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR). A pena de Lula foi definida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 8 anos, 10 meses e 20 dias. O petista foi condenado sob a acusação de aceitar a propriedade de um triplex, em Guarujá (SP), como propina paga pela OAS em troca de três contratos com a Petrobras, o que ele sempre negou.