
Se fosse um preso qualquer, ao cumprir um sexto da pena a que foi condenado o ex-presidente Lula teria ingressado imediatamente com o pedido de transferência para o semiaberto. Como ele decidiu não pedir progressão de regime para poder manter o discurso de que é um preso político, o Ministério Público inverteu a ordem natural das coisas e pediu a transferência para a prisão domiciliar.
Embora sair do regime fechado seja o desejo de qualquer preso, Lula optou por prolongar sua permanência em Curitiba porque sonha em ganhar a liberdade por meio de um habeas corpus. A ideia do ex-presidente e de seus seguidores é obter um reconhecimento de que houve falhas na investigação, embora nenhum juiz tenha acatado seus argumentos de contaminação do processo com base nos diálogos vazados pelo site The Intercept Brasil.
Como é provável que a progressão seja concedida, Lula deve deixar a sede da Polícia Federal em Curitiba para continuar cumprindo a pena em casa, em São Bernardo do Campo.
Caso isso ocorra, será atendida a demanda da Polícia Federal, que não quer mais o ex-presidente em Curitiba. Em 7 de agosto, atendendo a um pedido da PF, o juiz Paulo Eduardo de Almeida Sorci, do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou a transferência de Lula para Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de São Paulo. A defesa recorreu ao Supremo Tribunal Federal e a mudança foi suspensa.
Se Lula for mesmo para casa, não estará livre de retornar ao regime fechado se o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF) confirmar a condenação em outro processo, o do sítio de Atibaia, mas o futuro dessa punição depende do que STF decidir na quarta-feira. Em caso de anulação da sentença, a próxima só deve sair na metade de 2020.
ALIÁS: Se o Supremo Tribunal Federal decidir que a condenação de Lula no processo do sítio de Atibaia deve ser anulada, o ex-presidente ganha tempo, mas nada garante que o juiz Luiz Antonio Bonat (substituto de Sergio Moro) não aplique pena semelhante ou até mais dura do que a imposta pela juíza Gabriela Hardt.