Na Câmara dos Deputados, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), parlamentares de partidos do centrão e até do PSDB criticaram, nesta quarta-feira (7), a decisão da juíza federal Carolina Lebbos de autorizar a transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de Curitiba para uma unidade prisional em São Paulo.
A juíza negou um pedido da defesa de Lula para aguardar decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre eventual suspeição das decisões do ex-juiz Sergio Moro — atual ministro da Justiça — e anulação do julgamento do ex-presidente.
No plenário, o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA) afirmou estranhar a decisão da magistrada.
— Apesar de nunca ter votado nele, acho que (Lula) é um ex-chefe de Estado e merecia um outro tratamento — disse.
Para ele, tocar no assunto mais de um ano depois parece "perseguição à toa".
— Tem toda razão, deputado — concordou Rodrigo Maia.
Além disso, o presidente da Câmara se colocou à disposição "para que o direito do ex-presidente seja garantido".
José Nelto (GO), líder do Podemos, também qualificou a decisão da juíza de perseguição.
— O que a Justiça fez hoje, eu quero aqui condenar publicamente. Não se justifica retirar o ex-presidente Lula de Curitiba e levar para Tremembé. Isso é humilhação, esta juíza deveria repensar os seus atos. Perseguição eu não aceito com ninguém, seja de direita ou de esquerda — disse.
Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), deputado ligado a Aécio Neves (PSDB-MG), qualificou a decisão judicial de "verdadeiro absurdo". Segundo ele, é algo que "coloca em risco o respeito que o Brasil conquistou como país garantidor dos direitos."
Marcelo Ramos (PR-AM), ex-presidente da comissão da Previdência, prestou solidariedade ao ex-presidente.
— Diz na minha terra que pau que dá em Chico dá em Francisco. Hoje, muitos estão aplaudindo porque é um opositor político — afirmou.
No PT, a decisão é avaliada como grave. Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do partido, disse estar surpresa com a decisão.
— É interessante que para o ex-presidente (Michel) Temer todas as garantias foram conferidas e concedidas. Para o ex-presidente Lula, é nada. E é tudo muito rápido. Então é uma perseguição — avaliou.
Para Gleisi, é um risco à segurança e vida de Lula deixá-lo sob tutela da polícia do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
— Principalmente pelas motivações políticas que essa pessoa já expressou ao longo das suas manifestações — explicou.
No Twitter, o governador ironizou a petista. "Fique tranquila, ele será tratado como todos os outros presidiários, conforme a lei.", escreveu.
Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara, associou a decisão como uma resposta da Lava-Jato às denúncias que tem sido divulgadas pelo site The Intercept.
— (É uma) resposta da (operação) Lava-Jato a um agravamento das denúncias que têm sido divulgadas, como as que foram nas últimas 48 horas sobre a ação ilegal que buscava atingir ministros da Suprema Corte, e hoje demonstrando inclusive vínculos com o próprio Poder Legislativo — disse.