— Desespero total. Desespero total. Você tenta achar uma posição confortável para ficar no pau de arara, só que você não consegue achar. Além de que começar a doer muito os braços e as pernas, que começam a ficar adormecidas, você fica desesperado.
Ativistas do grupo Rio de Paz simularam cenas de tortura na avenida Paulista, no centro de São Paulo, no domingo (31), aniversário de 55 anos do golpe de 1964. O objetivo foi alertar população sobre riscos do autoritarismo.
— Eles ficavam horas, horas. Ficavam dias sendo torturados com cassetete no ânus do cara, nas genitálias, então eram horas de tortura. O cara não ficava dois minutos como eu ficava aqui — afirma um dos a
A encenação também foi uma forma de protestar contra o governo de Jair Bolsonaro. O presidente pediu que a data fosse comemorada nos quartéis.
— Sempre haverá grupos que opinaram a favor desse período, mas a maioria da população, nós acreditamos, que sabe o que ocorreu, que tem consciência dos fatos históricos, achou esse discurso desagregador no momento em que o presidente da República teria que estar agregando a nação para projetos mais importantes que nós precisamos tocar em frente —afirma Fernanda Valim, coordenadora do grupo.
De acordo com um relatório de 2014 da Comissão Nacional da Verdade, 434 assassinatos foram cometidos durante os 21 anos de regime militar, sem contar as centenas de detenções arbitrárias e casos de tortura de opositores.