Na noite de 7 de abril de 2018, o Brasil praticamente parou para assistir ao vivo à chegada à cadeia daquele que havia sido o maior líder de massas da história recente do país. Primeiro ex-presidente condenado e preso por crime comum, Luiz Inácio Lula da Silva é hoje, um ano depois, um animal político consumido pelo cárcere.
O abatimento não é fruto da onda de antipetismo, das sucessivas derrotas judiciais, tampouco da pena acumulada de 25 anos nos processo do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia que abalaram o petista. Sua revolta e melancolia acentuada nas últimas semanas são motivadas pela súbita morte do neto Arthur, de sete anos, e pela descrença de que venha a ser absolvido nos tribunais superiores. Uma eventual prisão domiciliar, até então rejeitada por Lula por embutir uma suposta admissão de culpa, já é assunto recorrente em algumas das visitas que recebe no último andar da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba.
Lula nutria esperança de obter liberdade na próxima quarta-feira (10), mas o ambiente político turbulento levou o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, a retirar da pauta o julgamento que poderia reverter a prisão após condenação em segunda instância. A expectativa agora é pela análise do recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A defesa pede anulação da condenação no caso do triplex e envio do processo à Justiça Eleitoral. A expectativa era de que o julgamento tivesse ocorrido na última quinta-feira (3), mas não há data prevista. Contra Lula pesa o histórico da Corte em matéria criminal. Levantamento feito no ano passado mostrou que, das quase 69 mil decisões sobre recursos de condenados tomadas entre 2015 e 2017, apenas 0,62% resultaram em absolvições.
A aposta da defesa é na possibilidade de que pelo menos os ministros excluam o crime de lavagem de dinheiro, diminuindo a pena de 12 anos e um mês imposta em segunda instância, abrindo caminho para uma progressão do regime fechado para o semiaberto ou, então, a prisão domiciliar. Lula segue repetindo que deseja deixar a Superintendência da PF de "cabeça erguida" e com inocência reconhecida pela Justiça.
No mês passado, porém, seus filhos pediram à prefeitura de São Bernardo do Campo autorização para reformar uma propriedade da família, construída nas proximidades de uma represa. A ideia seria preparar o sítio, com 20 mil metros quadrados de área, para receber o ex-presidente caso ele seja liberado para cumprir o restante da pena em casa.