Coordenador da Força-Tarefa da Lava-Jato em Curitiba, o procurador da República Deltan Dallagnol concedeu entrevista ao Gaúcha+, na tarde desta terça-feira (5). O tema principal da conversa foi o pacote anticrime apresentado na segunda-feira (4) pelo ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. Para o magistrado, o projeto é extremamente válido.
— Garante mais efetividade da Justiça e endurece o tratamento criminal de agentes de organizações criminosas — destacou Dallagnol, que ressaltou: — Temos, pela primeira vez, o próprio governo assinando um pacote contra a corrupção.
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Uma das virtudes da nova proposta, na visão do procurador, é que as sugestões de alterações na lei propostas por Moro inibem crimes de colarinho branco, como peculato e corrupção.
Outra questão pontuada por Dallagnol foi a execução provisório da pena.
— De nada adianta uma pena alta se ela não for cumprida — disse o procurador. — Na prática, se não tivermos condenação após segunda instância, nunca vamos colocar poderosos na cadeia. Temos quatro instâncias, é o único pais do mundo com tantas. Nossas regras de prescrição são muito benéficas para o réu.
Ao ser questionado sobre como a Câmara dos Deputados e o Senado, que precisam aprovar o projeto, devem receber a iniciativa, ele se disse otimista. Isso porque houve renovação nas casas, atendendo o que ele chama de anseios da população. Dallagnol citou, como exemplo positivo, senadores que revelaram seus candidatos à presidência da mesa mesmo com determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo voto secreto.
Indagado sobre o andamento atual Lava-Jato, disse que a operação continua a todo vapor. Afirmou, ainda, que a indicação de Moro ao Ministério da Justiça e Segurança Pública valorizou a operação. Sobre pleitear o cargo de procurador-geral da República, disse que não é uma aspiração no momento.
— Consideraria isso se não houvesse alguém capacitado. Mas, pelo contrário, vejo pessoas que almejam o cargo, são plenamente capacitadas e já expressaram apoio a causas como a Lava-Jato. Acho que tenho uma contribuição ainda a dar aqui (Lava-Jato).