Em um desdobramento da Operação Cadeia Velha, desencadeada pelo braço da Lava-Jato no Rio, a Polícia Federal (PF) prendeu 20 pessoas na manhã desta quinta-feira (8) no Rio de Janeiro, entre deputados e integrantes do governo de Luiz Fernando Pezão (MDB), que não é investigado.
O esquema de corrupção investigado na chamada Operação Furna da Onça envolve pelo menos 10 dos 70 deputados da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), movimentou R$ 54,5 milhões em pagamentos de propinas durante o segundo mandato do ex-governador Sérgio Cabral (MDB).
As investigações apontam que os envolvidos recebiam propinas mensais que variavam de R$ 20 mil a R$ 100 mil — além de cargos — para votar de acordo com o interesse do governo. O esquema teria movimentado pelo menos R$ 54 milhões, segundo a PF.
As prisões desta quinta-feira são temporárias e não afetam o mandato — cinco dos detidos foram reeleitos, conforme o G1. A Justiça, no entanto, pode convertê-las para preventivas e afastá-los, o que abriria a vaga para suplentes.
De acordo com a PF, a organização criminosa, chefiada por Cabral, pagava propina a vários deputados estaduais para que eles "patrocinassem interesses do grupo criminoso na Alerj". O "mensalinho" seria resultado de sobrepreço de contratos estaduais e federais — alguns ligados ao Detran-RJ.
Além de receber propina, os parlamentares envolvidos eram beneficiados com o loteamento de cargos em diversos órgãos públicos do governo do Estado, como o Detran, onde poderiam alocar mão de obra comissionada ou terceirizada.
Os deputados que tiveram a prisão decretada sao: André Correa (DEM), Edson Albertassi (MDB, já preso), Chiquinho da Mangueira (PSC), Coronel Jairo (MDB), Jorge Picciani (MDB, nova prisão, já cumpre prisão domiciliar), Luiz Martins (PDT), Marcelo Simão (PP), Marcos Abrahão (Avante), Marcus Vinícius "Neskau" (PTB) e Paulo Melo (MDB, já preso).
Entre os outros alvos, estão o secretário de governo, Affonso Monnerat, o presidente do Detran-RJ, Leonardo Silva Jacob, e seu antecessor Vinícius Farah, recém-eleito deputado federal pelo MDB.
Os investigados devem responder, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.
Operação Furna da Onça
O nome da operação, batizada de Furna da Onça, faz referência a uma sala ao lado do plenário da Alerj, onde deputados se reúnem para ter conversas reservadas, destinada às combinações secretas que resultam em decisões individuais antes das votações, momento conhecido como a hora da “onça beber água”.
Operação Cadeia Velha
Deflagrada em novembro de 2017, a operação levou para a cadeia os deputados Jorge Picciani, Paulo Mello e Edson Albertassi e investigou esquema de corrupção em que os deputados usavam da sua influência para aprovar projetos na Alerj para favorecer as empresas de ônibus e também as empreiteiras. Atualmente, Jorge Picciani está em prisão domiciliar por causa de sua saúde e Paulo Mello e Albertassi seguem presos em Bangu.