A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) deflagraram, na manhã desta terça-feira (14), a Operação Cadeia Velha – um desdobramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro. Entre os alvos da ação está Felipe Picciani, filho do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado estadual Jorge Picciani (PMDB).
O parlamentar foi levado por agentes para prestar depoimento na sede da PF na capital fluminense. Já Felipe Picciani foi preso em Uberlândia, Minas Gerais.
Os deputados estaduais Paulo Melo e Edson Albertassi, ambos do PMDB, também são alvos de mandado de condução coercitiva. Ainda estão na mira da operação e foram presos o empresário Jacob Barata Filho, o "Rei do Ônibus" no Estado, e o ex-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Rio (Fetranspor) Lélis Teixeira.
Barata Filho e Lélis Teixeira já haviam sido detidos na Operação Ponto Final, em julho passado. Contudo, por ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), os dois foram colocados em liberdade em agosto.
A Operação Ponto Final, um desdobramento da Lava-Jato, investiga suposto esquema de pagamento de propina a políticos e de fraudes em contratos do governo do Rio de Janeiro com empresas de transporte público.
A família Picciani também foi um dos alvos do acordo de leniência da empresa Carioca Engenharia em abril do ano passado. A matemática Tania Maria Silva Fontenelle, ligada à empreiteira, afirmou que comprou vacas superfaturadas da Agrobilara Comércio e Participações Ltda – que pertence aos Picciani – para "gerar dinheiro em espécie" para a empreiteira.
Investigação
Segundo o MPF, as investigações apontaram que o presidente da Alerj, Jorge Picciani, seu antecessor, Paulo Melo, e o segundo vice-presidente, Edson Albertassi, formam uma organização integrada ainda pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e que vem se estruturando de forma ininterrupta desde a década de 1990.
A organização, como apurou o MPF, vem adotando práticas financeiras clandestinas e sofisticadas para ocultar o produto da corrupção, que incluiu recursos federais e estaduais, além de repasses da Fetranspor.
"Três frentes de apuração embasaram a petição do MPF: os repasses da Fetranspor para deputados; os recursos da Federação para uma conta de Cabral e sua partilha com Picciani e Melo; e as doações da construtora Odebrecht a políticos, depois declaradas em acordos de colaboração já homologados", informou o MPF.
Defesas
A defesa de Jacob Barata Filho não teve acesso ao teor da decisão que originou a operação de hoje da Policia Federal e, por isso, não tem condições de se manifestar a respeito. A defesa pedirá o restabelecimento das medidas que foram ordenadas pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, que já decidiu que a prisão preventiva do empresário é descabida e pode ser substituída por medidas cautelares, que vêm sendo fielmente cumpridas desde então. A reportagem está tentando contato com todos os citados.