Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado federal e ex-assessor de Michel Temer, preso após ser flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil no ano passado, disse que não sabia qual era o conteúdo da bolsa. A afirmação está na petição que Rocha Loures entregou à Justiça Federal. Essa é a primeira vez que o ex-assessor apresenta sua versão oficial do fato. Segundo o jornal O Globo, que teve acesso ao documento enviado em fevereiro, Rocha Loures afirma que "desconhecia quaisquer acertos, pagamentos e condições" em relação à mala.
Conforme o então procurador-geral da República Rodrigo Janot, Rocha Loures era um dos emissários do presidente Michel Temer e seria o encarregado de buscar a mala e entregar ao seu destinatário final. Temer foi denunciado por corrupção passiva, mas o processo não avançou, porque a Câmara barrou o prosseguimento da denúncia.
Na petição encaminhada à Justiça, Rocha Loures não explica por que correu após pegar a mala com o executivo da JBS Ricardo Saud e devolveu o dinheiro com menos R$ 35 mil. Também não forneceu mais detalhes sobre o assunto.
A versão do ex-assessor não bate com gravações feita pela PF na Operação Patmos. Em um dos áudios, Saud afirma que tem R$ 500 mil "guardadinhos" para Rocha Loures, que afirma "tá".
No documento encaminhado à Justiça, Rocha Loures defende Temer e afirma que não foi comprovado que a mala tinha o chefe do Executivo como destino. Segundo a peça de defesa, o fato de o ex-deputado ter ocupado cargo na assessoria do presidente não caracteriza acertos para atos ilícitos.
Rocha Loures virou réu no caso em dezembro do ano passado, após o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do DF, aceitar o recebimento da denúncia. Segundo os advogados do acusado, ele foi vítima de armação arquitetada pelos executivos da JBS e pela Procuradoria Geral da República (PGR) que visavam atingir Temer.
A defesa pede que as provas da Operação Patmos sejam anuladas e que Rocha Loures seja absolvido sumariamente.