Realizadas nesta quinta-feira (29), as prisões de pessoas próximas a Michel Temer (PMDB) ampliaram a pressão sobre o presidente. Os mandados contra o advogado José Yunes, o proprietário da empresa Rodrimar, Celso Grecco, o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (PMDB) e o coronel aposentado da PM de São Paulo João Batista Lima Filho foram autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e cumpridos pela Polícia Federal (PF).
As prisões ocorreram no âmbito da Operação Skala, que investiga o pagamento de propina para obtenção de vantagens no decreto dos portos, editado em maio de 2017. Temer é investigado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Saiba o que pesa contra o presidente e seu círculo íntimo de amizades:
Michel Temer
É suspeito de receber propina para beneficiar empresas do setor portuário. Seis dias antes da edição de um decreto que renovava concessões por até 70 anos, a PF interceptou conversa telefônica na qual Temer dá informações sobre o documento ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, flagrado recebendo R$ 500 mil em propina supostamente endereçada ao presidente.
José Yunes
Amigo pessoal e ex-assessor especial de Temer, Yunes foi citado nas delações do operador Lucio Funaro e da Odebrecht como intermediário de propinas destinadas ao PMDB. O próprio Yunes admitiu ter recebido R$ 1 milhão em seu escritório, a pedido do ministro Eliseu Padilha. Segundo Funaro, o dinheiro era propina da Odebrecht para uso em caixa 2 e pertenceria a Temer. Foi preso nesta quinta-feira.
Rodrigo Rocha Loures
Ex-deputado e ex-assessor especial de Temer, era interlocutor do presidente para a JBS e o setor portuário. Logo após a conversa com Temer sobre a edição do decreto, telefonou para Rodrigo Conrado Mesquita, da Rodrimar, repassando as informações obtidas junto ao presidente. Loures também foi flagrado pela PF em conversas nas quais tentaria ampliar o alcance do decreto.
Coronel Lima
Mais enigmática figura do entorno do presidente, de quem é amigo desde 1984. Chamado a depor, o coronel aposentado da PM paulista apresentou sucessivos atestados médicos. Relatório da PF mostra 12 telefonemas entre Lima e Temer na época da edição do decreto. A PF também apreendeu documentos em que Lima aparece pagando despesas da família do presidente. Também foi preso nesta quinta-feira.
Rodrigo Conrado Mesquita
Executivo da Rodrimar, aparece em conversas entre Rocha Loures e o diretor da JBS Ricardo Saud como suposto intermediário de propina a Temer. Falou por telefone com Loures no dia em que o deputado recebeu R$ 500 mil da JBS. Teve forte atuação no lobby do setor portuário pela edição do decreto e apresentou documentos comprovando a influência sobre o Planalto.
Antônio Celso Grecco
Assim como Rodrigo Mesquita, é executivo da Rodrimar. Para a PF, também seria usado pelo presidente Temer como intermediário no recebimento de propina, conforme conversas gravadas entre Rocha Loures e Ricardo Saud. Amigo de Temer, Grecco ainda aparece em inquérito sobre corrupção no Porto de Santos do qual o presidente foi excluído pelo Supremo em 2011. Está entre os presos levados pela PF nesta quinta-feira.
Wagner Rossi
Ex-deputado federal, foi ministro da Agricultura nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Entre 1999 e 2000, presidiu a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), administradora do porto de Santos. É pai do deputado Baleia Rossi, líder do PMDB na Câmara. Preso nesta quinta-feira, havia sido citado nas delações de executivos da JBS. Foi o responsável por apresentar o proprietário da JBS, Joesley Batista, a Temer. Segundo o empresário, o presidente pediu que fosse pago um "mensalinho" de R$ 100 mil a Rossi após ele deixar a pasta. Foi preso pela PF nesta quinta-feira.