Um dos principais alvos da delação dos proprietários e executivos da JBS, o deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) entregou, na noite de segunda-feira (22), na sede da Polícia Federal (PF), em São Paulo, a mala com R$ 500 mil que estava desaparecida desde o fim de abril. Na última vez que havia sido vista, a bagagem milionária estava com o parlamentar em um estacionamento na capital paulista.
No local, Rocha Loures, que estava sendo filmado, entrou correndo em um táxi. Desde então, o paradeiro da mala era desconhecido. O monitoramento da bagagem fazia parte de uma das chamadas ações controladas empreendidas após as delações da JBS à Procuradoria-Geral da República (PGR).
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Proprietário da empresa, Joesley Batista afirmou que Rocha Loures foi indicado pelo presidente Michel Temer (PMDB) para tratar de assuntos de interesse da J&F, controladora da JBS, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Em conversa gravada pelo delator em 7 de março, no Palácio do Jaburu, Joesley pede a Temer que designe um interlocutor para resolver pendências no governo. O presidente indica, então, Rocha Loures como uma pessoa de sua "mais estrita confiança".
Depois da indicação do presidente, Loures intermedeia a solução de um problema de Joesley no Cade e também oferece ao empresário que indique nomes para ocupar cargos em órgãos de fiscalização, como a Receita Federal e o Banco Central. Em troca, Joesley oferece propina.
Posteriormente, os termos do pagamento ilegal foram fechados pelo diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud. Ficou acertado o valor de R$ 500 mil semanais durante 20 anos.
O primeiro pagamento foi filmado pela PF. Na gravação, Rocha Loures recebe o dinheiro em uma mala e a leva para a casa dos pais, em São Paulo. A PF anotou o número de série das cédulas.
Assessores de Temer receavam que o rastreamento do dinheiro comprometesse o presidente. Ele nega ter recebido propina, e, até então, Rocha Loures não havia dito o que havia feito com o valor.