O resultado do julgamento previsto para quarta-feira (11) no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre execução de penas após condenações em 2ª instância poderá ditar novos rumos para a estratégia eleitoral petista. Caso a jurisprudência da Corte não seja revista, o que manteria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso em Curitiba, alas do partido deverão aprofundar o debate sobre o momento de lançar possível substituto na corrida ao Palácio do Planalto.
Por determinação da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, as discussões públicas sobre um possível plano B para o pleito de outubro estão proibidas entre os militantes. Nos bastidores, o assunto é tratado com cautela. A intenção é evitar que o fortalecimento de eventual troca seja entendido como desistência de lançar o nome do ex-presidente.
— Teremos novo cenário depois de quarta (quando o STF poderá rediscutir as prisões após 2ª instância), com outras discussões — pontua interlocutor petista, destacando que ninguém quer falar abertamente sobre o assunto para não estimular confrontos na sigla, embora admita que o nome mais forte como opção é o de Fernando Haddad.
Ex-prefeito de São Paulo, Haddad poderia ocupar a vaga de vice na chapa petista para, caso Lula venha a ser impedido de concorrer devido à Lei da Ficha Limpa, ser alçado ao posto principal na campanha. Ele teria recebido o aval do ex-presidente, de quem foi ministro da Educação, para discutir possíveis alianças.
Entre a ala que rechaça qualquer comentário relativista sobre a candidatura de Lula, a atenção é voltada para o STF. Um deputado federal do partido diz que a artilharia está voltada para a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, e para os ministros que decidirão se a revisão da jurisprudência sobre execução provisória de penas será votada. Quanto à questão eleitoral, a avaliação é dura.
— Seria muita estupidez política dentro do PT alguém achar que tem de abrir mão da candidatura do Lula — dispara o parlamentar.
Para o presidente do PT gaúcho, deputado federal Pepe Vargas, apesar do momento político tenso, não há discordâncias na cúpula da legenda. Para ele, o ex-presidente saiu fortalecido dos episódios de resistência no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), e da posterior prisão:
— Nunca tivemos tanta unidade político dentro do PT como agora.