A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta quinta-feira o advogado José Yunes e o coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho, amigos pessoais do presidente Michel Temer. A decisão foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso.
O advogado foi citado na delação do doleiro Lucio Funaro e prestou depoimento à PF no inquérito que apura se decretos presidenciais favoreceram empresas do setor de portos em troca de propina. Já o coronel Lima vinha sendo chamado a depor, mas apresentou sucessivos atestados médicos. Relatório da PF mostra 12 telefonemas entre Lima e Temer na época da edição do decreto. A PF também apreendeu documentos em que Lima aparece pagando despesas da família do presidente.
A Operação Skala também prendeu Celso Grecco, dono da empresa Rodrimar, empresa que atua no Porto de Santos, no litoral de São Paulo, o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (PMDB), e Milton Ortolán, ex-assessor de Rossi, Celina Torrealba, uma das donas do grupo Libra.
A Polícia Federal não confirma a existência de outras prisões. "Por determinação do STF a Polícia Federal não se manifestará a respeito das diligências realizadas na presente data", disse a PF em nota.
Entenda o caso
O inquérito para apurar se a Rodrimar pagou propina para obter vantagens no decreto dos Portos foi aberto após a delação premiada de Joesley Batista e outros executivos da JBS.
Além de Temer, Yunes e os donos da Rodrimar, outras pessoas são investigadas no caso, como o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures — ex-assessor de Temer flagrado carregando uma mala de dinheiro — e o coronel João Baptista Lima Filho, também amigo do presidente.
Temer é investigado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O decreto foi editado em maio de 2017, e ampliou de 25 para 35 anos os prazos dos contratos de concessão e arrendamento de empresas que atuam em portos. O novo texto também permite a prorrogação de contratos por até 70 anos.
Contraponto
O advogado de Yunes, José Luis de Oliveira Lima, informou que se trata de uma prisão temporária de cinco dias.
"É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania", afirmou em nota Oliveira Lima.
A defesa de Wagner Rossi afirma que o ex-ministro aposentou-se há sete anos. "Desde então, nunca mais atuou profissionalmente na vida pública ou privada. Também nunca mais participou de campanhas eleitorais ou teve relacionamentos políticos. Mora em Ribeirão Preto onde pode ser facilmente encontrado para qualquer tipo de esclarecimento. Nunca foi chamado a depor no caso mencionado. Portanto, são abusivas as medidas tomadas. Apesar disso, Wagner Rossi está seguro de que provará sua inocência", diz a nota assinada pela Equipe Toscano Sociedade de Advogados.