O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluiu nesta quarta-feira (28), em Curitiba, sua caravana pelo sul do país, marcada por protestos de grupos de direita e tiros disparados no penúltimo dia da viagem contra dois ônibus de sua comitiva.
Em um ato que reuniu cerca de 3 mil pessoas, segundo a polícia, Lula descreveu os incidentes que marcaram os 10 dias da caravana, como o lançamento de ovos e pedras, e ironizou os rojões que interromperam com frequência seus discursos.
— Em cada cidade que a gente ia eles ficavam soltando rojão e eu falava: "guarde o rojão para o dia 1º de janeiro, na minha posse".
Os rojões e panelaços voltaram a interromper o discurso do ex-presidente, desta vez na Praça Santos Andrade, sob forte vigilância policial.
Lula discursou em sua manifestação "suprapartidária contra a violência e pela democracia" ao lado de outros dois pré-candidatos da esquerda às eleições presidenciais de outubro: Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela Dávila (PCdoB).
Boulos associou os três tiros que na noite de terça-feira atingiram dois ônibus da caravana de Lula à morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL).
— Esse mesmo clima de fascismo que matou Marielle foi o que deu o tiro contra a caravana de Lula ontem. Só vamos combater o fascismo com unidade.
Durante a caravana por Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, manifestantes contrários a Lula não deram trégua, atirando ovos e pedras contra suas manifestações.
Na noite de terça-feira ocorreu o incidente mais grave, quando dois ônibus de sua comitiva foram atingidos por tiros entre as cidades de Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul. Dois disparos atingiram um ônibus que levava jornalistas e outro, convidados do PT. Não houve feridos.
O presidente Michel Temer lamentou o ataque:
— É uma pena que tenha acontecido isso porque vai criando um clima de instabilidade no país, de falta de pacificação, que é indispensável no presente momento.
— É preciso identificar os responsáveis porque não pode se repetir dentro do regime democrático — reagiu o ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann.
"Se pensam que com pedras e tiros vão abalar minha disposição de lutar estão errados", tuitou Lula, que anteriormente havia atribuído os ataques a "grupos fascistas".