Marielle Franco, 38 anos, vereadora pelo PSOL no município do Rio de Janeiro, foi morta a tiros na noite desta quarta-feira (14). Conforme a Polícia Militar (PM), ela foi baleada dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no centro do Rio. O motorista também foi morto e uma assessora da parlamentar sobreviveu ao ataque.
Socióloga formada pela PUC-Rio, Marielle foi a quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições municipais de 2016, com 46.502 votos.
Conforme o 4º Batalhão da PM, de São Cristóvão, a polícia foi acionada para uma ocorrência de roubo de carro com morte no local. A Delegacia de Homicídios está no local do crime.
Segundo a PM, bandidos em um carro teriam encostado ao lado do veículo da vereadora e efetuado os disparos, fugindo em seguida sem levar nada. A vereadora tinha acabado de sair de um evento na Lapa.
O PSOL, por meio de nota, manifestou pesar diante do assassinato de Marielle. O partido informou que está " ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação".
A sigla também elogia a atuação da vereadora na política e pede a elucidação do crime: "A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta. Exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos! Marielle, presente!"
Há duas semanas, Marielle havia assumido relatoria da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio criada para acompanhar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Ela vinha se posicionando publicamente contra a medida.
A parlamentar também chegou a denunciar, em suas redes sociais, no fim de semana, uma ação de policiais militares na favela do Acari. "O 41º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. (…) Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior", escreveu.
A PM confirmou a operação e argumentou que criminosos atiraram contra os policiais e houve confronto. Durante vasculhamento na comunidade, dois homens foram presos e houve apreensão de um fuzil calibre 7,62 mm e oito rádios comunicadores, segundo nota da corporação.
O prefeito Marcelo Crivella se manifestou sobre a morte da vereadora, a quem descreveu com "honradez, bravura e espírito público representavam, com grandeza inigualável, as virtudes da mulher carioca".
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, também lamentou o caso em nota publicada em seu perfil no Twitter e disse estar acompanhando a investigação com as forças federais. "Solidarizo-me com familiares e amigos, e acompanho, com as forças federais e integradas de Segurança, a apuração dos fatos para a punição dos autores desse crime hediondo que tanto nos entristece".
Perfil da vereadora
Em seu perfil oficial no Facebook, a vereadora se apresentava como "cria da favela da Maré". Ela também era mestre em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Sua dissertação de mestrado teve como tema: “UPP: a redução da favela a três letras”.
Marielle trabalhou em organizações sociais como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm) e coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado do deputado do PSOL Marcelo Freixo.