Em entrevista publicada neste sábado pela Folha de S. Paulo, o presidente Michel Temer falou pela primeira vez sobre o afastamento de quatro vice-presidentes da Caixa Econômica Federal. Ele negou que tenha demorado em tomar uma decisão a respeito do tema – o anúncio foi realizado nesta terça.
O Ministério Público havia sugerido o afastamento dos vice-presidentes em dezembro, mas Temer disse que não recebeu diretamente nenhuma comunicação e que "essas coisas você não faz a toque de caixa". O presidente afirmou ter agido depois de recomendação do Banco Central.
Temer também declarou que em 2018 se dedicará, entre outras reformas, à sua recuperação moral, já que haveria em curso "uma tentativa brutal de tentar desmoralizar o presidente". "Podem registrar que os meus detratores estão na cadeia", disse. E completou: "Quem não está na cadeia está desmoralizado".
Uma investigação independente contratada pela Caixa encontrou evidências que confirmam a "existência de disputa política por cargos" no banco público. O documento, produzido pelo escritório de advocacia Pinheiro Neto, alerta que a relação próxima entre os membros da alta administração da Caixa e os grupos políticos que lhes dão "sustentação" representam grave risco à instituição financeira.
O documento produzido pelo Pinheiro Neto é o mesmo cujo conteúdo embasou a recomendação do MPF para que a Caixa substitua os seus 12 vice-presidentes e contrate uma empresa de recrutamento para selecionar os executivos do banco.