Na votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, na noite de quarta-feira (25), três deputados que haviam votado contra o peemedebista no primeiro processo contra ele na Câmara dos Deputados, em 2 de agosto, mudaram de posição. Todos os parlamentares que trocaram o "não" pelo "sim" em apoio a Temer são do PRB: Carlos Gomes (RS), César Halum (TO) e Ronaldo Martins (CE). Na Casa, o partido conta com 21 deputados em exercício. Desse montante, 16 votaram com o presidente, quatro pelo prosseguimento da denúncia e um se ausentou da sessão. A orientação da bancada na votação foi em favor de Temer.
Nas últimas semanas, Temer intensificou o corpo a corpo, recebendo diversos deputados para afagos a fim de garantir votos favoráveis. Dos três parlamentares que passaram para o lado do presidente na sessão, apenas o nome de Halum aparece oficialmente na agenda do presidente nos últimos dias, em encontro no dia 17 de outubro. Também participaram da reunião o senador Vicentinho Alves (PR-TO), Adriano Rabelo, prefeito de Colinas do Tocantins e Ronaldo Dimas, prefeito de Araguaína, no Tocantins.
Ao jornal Folha de S. Paulo, Halum disse que o líder do partido na Câmara, Cleber Verde (MA), fez vários apelos para ele mudar seu voto, inclusive, oferecendo cargos "confiscados" pelo governo após a infidelidade na votação da primeira denúncia. O deputado destacou, no entanto, que votou pelo arquivamento temporário da denúncia por um "mal menor" no contexto político nacional.
Procurado por GaúchaZH após a votação da segunda denúncia, Carlos Gomes, único deputado gaúcho a mudar de voto em relação à primeira denúncia defendeu que faltaram provas na mais recente acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente. Segundo o deputado, a "falta de tempo" para escolher um novo presidente também influenciou seu posicionamento.
GaúchaZH tentou contato com o gabinete do deputado Ronaldo Martins, mas não obteve retorno até a publicação dessa reportagem.
O PRB também é o partido do vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (SP), um dos ferrenhos defensores de Temer. Nos últimos dias, Mansur trabalhou intensamente nos bastidores, mapeando os votos favoráveis e contrários ao presidente. A sigla também conta com um representante na Esplanada dos Ministérios: Marcos Pereira, ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Apesar do apoio dos três deputados do PRB, o governo perdeu o voto de oito parlamentares em relação à primeira denúncia: Heuler Cruvinel (PSD-GO), Jaime Martins (PSD-MG), Delegado Éder Mauro (PSD-PA), João Paulo Kleinubing (PSD-SC), Abel Mesquita Jr. (DEM-RR), Mauro Mariani (PMDB-SC), Cícero Almeida (Pode-AL) — que era do PMDB na primeira denúncia — e João Campos (PRB-GO) mudaram de posição no segundo processo.