Único deputado gaúcho a mudar de voto em relação à primeira denúncia contra Michel Temer, Carlos Gomes (PRB) defende que faltaram provas na mais recente acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente. Em agosto, o parlamentar havia se posicionado contra Temer e, nesta quarta-feira (25), colocou-se a favor do peemedebista.
Segundo o deputado, a "falta de tempo" para escolher um novo presidente também influenciou seu posicionamento. Há dois meses, argumenta, havia a expectativa de convocação de eleições diretas em caso de afastamento — agora, não.
O que motivou a sua mudança de voto?
Minha motivação sempre foi a mesma, o que mudou foi a questão de tempo e argumento jurídico. Segundo a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), faltaram provas consistentes. Também acho que não dá mais tempo para trocar de presidente. Seria outro problema a substituição, porque a Câmara iria escolher outro presidente em eleição indireta. Até que ponto a população se sentiria representada? Além do mais, tenho de levar em consideração a estabilização da economia e a retomada de geração de emprego. Lá atrás, votei a favor (da denúncia) porque achava que seria possível haver uma troca de presidente, quem sabe eleição direta.
O relator da primeira denúncia, pouco mais de dois meses atrás, também havia recomendado o arquivamento da denúncia.
Sim, mas, lá atrás, achei que seria possível um movimento. Alguns defendiam eleição direta. Pensei que houvesse tempo para alterar algo para uma eleição direta. Agora, não dá mais. Até porque, se afastado o presidente, também não seria definitivo. Ele pode responder e, depois, voltar. Mais uma vez, bagunçaria todo o país.
Foi amplamente divulgado pela imprensa a distribuição de emendas, cargos e outras "bondades" pelo Planalto em troca de apoio na votação. O senhor recebeu algum "presente"?
O que vale é a minha consciência. Não negociei, nem recebi nada. As únicas emendas que tenho são as impositivas. Nunca negociei voto. Estou tranquilo. As pessoas que me conhecem sabem que não voto por negociação. Acho isso nojento. Aliás, o único espaço que tínhamos no Rio Grande do Sul, na Pesca, foi exonerado hoje (quarta-feira). Não fui negociar, nem pedir nada. Votei com a minha convicção.