A hegemonia tucana em Pelotas, no berço eleitoral do governador Eduardo Leite, chegou ao fim, após mais de uma década na prefeitura do quarto maior colégio eleitoral do Rio Grande do Sul. Fernando Marroni (PT), que tenta retornar ao cargo que ocupou entre 2001 e 2004 no município, recebeu 39,60% dos votos e chega ao segundo turno contra Marciano Perondi (PL).
O empresário, de 41 anos, contabilizou a preferência de 31,67% dos pelotenses nas urnas. Sustentado pelo bolsonarismo, na reta final, retirou o candidato governista, Fernando Estima (PSDB), da disputa. Estima recebeu o apoio de Leite durante a votação, neste domingo (6), mas a candidatura do ex-superintendente do Porto de Rio Grande não decolou.
Agora, PT e PL repetem o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. E isso, desde já, eleva as figuras de Lula e Bolsonaro no pano de fundo das eleições municipais pelotenses.
Já no cair da noite, os apoiadores de Marroni tomaram as cercanias do Mercado Público para celebrar. Mas havia certo grau de frustração, porque ao longo do final de semana a expectativa era de que a eleição se encerrasse no primeiro turno, algo até hoje só obtido pela atual prefeita, Paula Mascarenhas (PSDB).
A cidade convive há mais de uma década com gestão tucana. Inaugurado em 2013, quando o então governador foi eleito, o período de hegemonia tucana no município teve continuidade nos dois mandatos de Paula.
Ex-deputado federal, o petista foi derrotado por Fetter Junior em sua tentativa de reeleição e, 20 anos depois, busca retornar ao Paço Municipal, aos 68 anos.
Em coletiva realizada durante a apuração, disse que todos os apoios serão bem-vindos. Ao celebrar a maior votação petista já obtida em um primeiro turno da cidade, Marroni argumentou que, ao longo do segundo turno, continuará insistindo na tese de que a cidade precisa de uma mudança de alinhamento, tanto com o governo federal quanto com o estadual.
Perondi não atendeu aos pedidos da reportagem de Zero Hora. Ao longo do primeiro turno, teve como os principais aliados para avançar, além do bolsonarismo, reforçado pela visita do ex-presidente Jair Bolsonaro à cidade em setembro, o sentimento de mudança provocado pelo desgaste de um longo período no poder.
Resta saber como Estima, que obteve 20,90% dos votos, irá se posicionar para o segundo turno e como serão moldadas as alianças. Movimentação que deverá começar nesta segunda-feira (7).
Candidato não conseguiu votar
Fato curioso ocorreu pela manhã, durante a votação do quarto candidato mais votado do município. Aos 88 anos, após ter subido as escadarias da Prefeitura Municipal, onde fica a sua zona eleitoral, Irajá, que comandou a cidade em duas ocasiões, em 1977 e 1992, foi informado de que seu nome não constava na seção.
A assessoria do candidato tentou ingressar com um recurso para que ele conseguisse registar o voto em tempo hábil. No entanto, após ter tido o título suspenso, perdeu o prazo que se encerrava em julho para apresentar documentação que o deixaria apto a votar.
Também concorreram à prefeitura os candidatos Reginaldo Bacci (PDT) e João Bourscheid (PCO).