Cumprindo agenda de campanha em Porto Alegre, nesta quarta-feira (19), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao Largo dos Açorianos por volta das 16h, sendo ovacionado pelo público presente, que, momentos antes, chegou a cantar "Lula, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver". O presidenciável foi recepcionado por salva de palmas e gritos de apoio, com "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula".
De cima de um carro, que começou a se movimentar em direção à Praça da Matriz assim que Lula chegou, o candidato saudou os porto-alegrenses. Ele estava acompanhado de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), além dos petistas Dilma Rousseff, Olívio Dutra, Paulo Pimenta e Edegar Pretto.
Do alto do trio elétrico, em uma Praça da Matriz lotada, bem em frente ao Palácio Piratini, o ex-presidente discursou. O petista, em sua fala, que durou cerca de 20 minutos, protestou contra o caso de racismo sofrido por Seu Jorge e pediu que apoiadores não votem em Onyx Lorenzoni (PL) para o governo do Rio Grande do Sul. A fala de Lula também foi acompanhada por pessoas nas sacadas do palácio e na Assembleia Legislativa.
Logo no começo, o petista pediu para os participantes levantarem as mãos contra o preconceito, mencionando o caso de racismo sofrido por Seu Jorge na Capital:
— Não podemos aceitar o racismo de jeito nenhum. A escravidão acabou há muito tempo. Este país é um país de iguais. Não podemos aceitar racismo contra um artista de renome nacional, nem mesmo se fosse com o trabalhador mais humilde.
O petista também atacou seu adversário no segundo turno, Jair Bolsonaro(PL), afirmando que, em 50 anos de vida política, esta era a primeira vez que disputava uma eleição "contra a mentira":
— Meu adversário não tem compromisso com a verdade. Ele mente sem ficar vermelho. Ele mente sem respeito ao povo brasileiro.
Lula afirmou ainda que o Brasil voltou ao mapa da fome e que o governo atual "não gosta de educação", pois "toda semana" é anunciada a retirada de orçamento da educação.
— A elite brasileira nunca se preocupou com a educação do nosso povo, pela origem escravista da elite brasileira — atacou, afirmando que vai voltar a investir na educação.
— O Brasil não quer ficar no século 21 exportando soja e minério de ferro. Quer exportar conhecimento — completou.
Durante seu discurso, Lula prometeu ainda que, se eleito, vai implantar escola em tempo integral, aumento real do salário mínimo e maior agilidade para trabalhadores se aposentarem. Disse anda que pretendia colocar a reforma trabalhista em discussão.
— Vamos derrotar essa direita e fazer o Brasil voltar a ser protagonista internacional, se relacionando com o mundo inteiro — disse.
Mais tarde, voltou a atacar Bolsonaro em seu discurso. Ele afirmou que desde a Proclamação da República nenhum presidente gastou 10% do que Bolsonaro está gastando para vencer este pleito.
— Então, qualquer dinheiro que cair na conta de vocês, paguem, gastem, deem uma banana para eles e votem no 13 — afirmou, sendo aplaudido.
Lula também voltou a mencionar que quer que o povo volte a comer churrasco e tomar cerveja no final de semana, prometendo também retomar o programa Minha Casa, Minha Vida. Lula ainda prometeu paridade nos salários entre homens e mulheres e garantiu que seu eventual governo terá mais ministras.
Ao final de seu discurso, Lula fez um pedido para os gaúchos: que não votassem em Onyx Lorenzoni (PL), sendo aplaudido pelos espectadores que estavam dentro do Piratini.
— Vocês não podem permitir que Onyx seja governador. Não podem permitir que a extrema-direita governe este Estado — disse, sem mencionar o nome de Eduardo Leite (PSDB).
Apoio de petistas
Durante o ato, Paulo Pimenta foi o primeiro a falar, agradecendo aos participantes pela caminhada, que ele classificou como histórica. O deputado federal pediu aos militantes que ajudassem a virar voto e a diminuir as abstenções.
Em seguida, Edegar Pretto, que concorreu ao governo do RS pelo PT, pegou o microfone, agradecendo aos aliados e aos que votaram nele nas eleições, que terminou em terceiro lugar. Ainda comemorou a maior bancada na Assembleia Legislativa, conquistada pelo PT neste ano.
Sob aplausos e gritos de apoio, Olívio Dutra, que concorreu ao Senado pelo PT, também falou, agradecendo a concentração dos apoiadores:
— É pela democracia, por um país em que o seu povo seja cuidado e respeitado. Por um país que respeite a diversidade. Queremos a política como arte de construir o bem comum. (...) Uma eleição não pode ser um espaço para disseminar o ódio.
Ele seguiu:
— O orçamento não pode ser secreto. E entrar em um processo. Falar de política de forma civilizatória. Os nossos adversários não podem ser inimigos.
A ex-presidente Dilma se manifestou na sequência:
— Esse é o Estado de mulheres e homens corajosos e guerreiros. Estado de corações valentes. Eu que tenho a honra de ser gaúcha de propósito. Sei que aqui é o Estado daqueles que reconhecem quem luta. E Lula lutou a vida inteira pelos direitos dos outros.
Ela ainda mencionou que jamais passou pela cabeça de Lula desrespeitar crianças e adolescentes, atacando o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), sobre o caso das meninas venezuelanas.
— Nós defendemos a família. Não aceitamos que crianças e adolescentes sejam tratados desta forma. Lula sempre lutou em defesa da família, por isso fez o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida, colocando as mulheres como titulares.
Alckmin também se pronunciou, afirma do estar feliz por estar em frente ao Piratini, que considera um "lugar histórico", por ter sido palco do Movimento da Legalidade liderado por Leonel Brizola.
— O Brasil não quer ódio, quer paz. O Brasil não quer fome, quer emprego. Brasil quer educação de qualidade — disse Alckmin, mencionando projetos criados pelo petista e se manifestando contra o negacionismo de Bolsonaro no combate à pandemia.
A agenda de Lula na Capital se iniciou pouco depois das 14h, com uma coletiva de imprensa no Hotel Plaza São Rafael.